Na última quarta-feira (22), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) anunciou a suspensão temporária das exportações de carne bovina para a China, maior parceiro comercial do Brasil no setor. Isso aconteceu devido à confirmação de um caso da doença vaca louca no Pará.
Em resumo, o Brasil realiza procedimentos de vigilância, investigação e notificações recomendadas pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês). Devido ao protocolo sanitário entre o Brasil e a China, o Mapa suspendeu as exportações para o país asiático por causa da detecção da doença.
Toda essa movimentação acontece devido aos riscos que uma vaca infectada pode representar para os consumidores. Em suma, o nome científico da doença é Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB). A enfermidade é fatal e geralmente acomete bovinos de idade mais avançada, degenerando o sistema nervoso.
Devido à gravidade da doença, o Brasil e a China possuem um acordo que consiste na suspensão imediata das exportações de carne bovina em caso de confirmação da doença vaca louca. E isso afeta diretamente o setor produtivo do país, ainda mais porque a China é a maior parceira comercial do Brasil.
“Atualmente, o Brasil exporta 57% da produção de carne bovina para a China, sendo o maior parceiro comercial desse produto para o país”, explicou Gilberto Braga, economista e professor do Instituto Brasileiro de Mercados e Capitais (IBMEC RJ).
“A suspensão causa um baque imediato para as empresas do segmento, já sendo impactadas com a queda na precificação das ações na Bolsa de Valores, e isso deve ter como consequência uma suspensão de pelo menos de 2 a 3 meses”, acrescentou o economista.
Em suma, o que gera a doença no animal é uma proteína infecciosa chamada príon. Aliás, o príon está presente no cérebro de diversos mamíferos, inclusive no do ser humano.
No entanto, a proteína pode se multiplicar demasiadamente, de maneira anormal. Nesse caso, o príon mata os neurônios e deixa buracos brancos em seus lugares no cérebro.
A doença pode ocorrer de maneira atípica, quando o animal tem uma idade muito avançada e o príon acaba sofrendo mutação. Contudo, o animal pode apresentar a doença através do consumo de rações contaminadas.
Em ambos os casos, não há indícios de transmissão entre as vacas. No entanto, a determinação que o produtor tem é de abater o animal doente e incinerar o seu corpo.
De acordo com o Mapa, o Brasil é considerado um país de “risco insignificante para doença”. Isso quer dizer que o status do país segue sem modificação, a título mundial, pois a OIE exclui a ocorrência de casos de EEB atípica para efeitos do reconhecimento do status oficial de risco do país, segundo o Mapa.
Assim, a pasta afirma que o Brasil continua com risco insignificante para a doença da vaca louca. Por isso, garante que não há qualquer justificativa para que haja impacto negativo no comércio destes animais ou mesmo dos seus produtos e subprodutos, com uma redução do consumo por parte da população.
A doença da vaca louca acomete os animais, mas o ser humano também pode desenvolver o príon infeccioso. Da mesma forma que acontece com o gado, a doença pode surgir nos humanos de maneira espontânea ou pelo consumo de carne bovina contaminada com a doença da vaca louca.
Em síntese, a doença pode causar perda de memória, depressão, perda visual e insônia nos humanos. Aliás, em alguns casos, a doença até pode demorar anos para se manifestar.
Seja como for, quando há o diagnóstico da doença em um ser humano, o tratamento padrão dos pacientes é realizado com antivirais e corticoides. Entretanto, cerca de 90% dos indivíduos morrem no período de um ano por causa da doença.
Inclusive, há profissionais da saúde que afirmam que a doença leva à morte em 100% dos casos. O tempo para a evolução do quadro pode variar entre os pacientes infectados, mas não há tratamento que reverta o quadro, pois o ser humano ainda não desenvolveu tratamento para doenças priônicas.
“Todas as providências estão sendo adotadas imediatamente em cada etapa da investigação e o assunto está sendo tratado com total transparência para garantir aos consumidores brasileiros e mundiais a qualidade reconhecida da nossa carne”, afirmou o ministro Carlos Fávaro em nota divulgada pelo Mapa.