Economia

Endividamento cai pelo 2º mês, mas inadimplência bate RECORDE

Os brasileiros receberam uma grande notícia nesta terça-feira (5). A saber, o percentual de endividamento das famílias do país caiu pelo segundo mês consecutivo no país. Isso mostra que a quantidade de pessoas sofrendo com dívidas e contas atrasadas foi menor que o do mês anterior.

Em agosto de 2023, o endividamento atingiu 77,4% das famílias do país. Esse é o menor patamar desde junho de 2022, ou seja, em mais de um ano. Além disso, essa é apenas a segunda queda do indicador desde novembro de 2022, visto que, em todo o primeiro semestre de 2023, os números só cresceram ou se mantiveram estáveis.

No ano passado, o Brasil teve o maior percentual de endividados já registrado pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), mas a situação financeira das famílias do país para estar melhorando gradativamente neste ano.

Endividamento ainda está muito alto no país

De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), responsável pela Peic, o endividamento perdeu força no país em agosto, mas continua muito elevado.

Confira abaixo as taxas de endividamento dos brasileiros em todos os meses de 2023:

  • Janeiro de 2023: 78,0%;
  • Fevereiro de 2023: 78,3%;
  • Março de 2023: 78,3%;
  • Abril de 2023: 78,3%;
  • Maio de 2023: 78,3%;
  • Junho de 2023: 78,5%;
  • Julho de 2023: 78,1%;
  • Agosto de 2023: 77,4%.

Em resumo, o percentual de endividamento cresceu fortemente no Brasil em 2021, refletindo o impacto da pandemia da covid-19, e a trajetória continuou subindo em 2022, até alcançar o seu ponto máximo em setembro (79,3%).

O cenário desafiador em que o país se encontrava, com a inflação elevada, pressionou o Banco Central (BC) a aumentar os juros no país, reduzindo o poder de compra do consumidor.

Entre março de 2021 e agosto de 2022, o BC elevou 12 vezes consecutivas a taxa básica de juro da economia, a Selic. Com isso, a taxa chegou a 13,75% ao ano, maior percentual desde novembro 2016. Contudo, no início de agosto, o BC realizou o primeiro corte dos juros em três anos.

Variação do endividamento entre as faixas de renda

Segundo a Peic, os consumidores que tiveram as maiores taxas de endividamento em agosto foram os de renda mais baixa. Por outro lado, os consumidores com o rendimento mais elevado tiveram percentuais um pouco menores no mês, mas ainda bastante elevados.

Veja os percentuais de endividamento por faixa de renda em agosto:

  • Renda de 0 a 3 salários mínimos: 79,1%;
  • Renda de 3 a 5 salários mínimos: 78,4%;
  • Renda de 5 a 10 salários mínimos: 75,4%;
  • Renda superior a 10 salários mínimos: 74,9%.

Em agosto, o destaque foi a queda de 2 pontos percentuais (p.p.) da taxa de endividamento entre as pessoas que recebiam de 5 a 10 salários mínimos, na comparação com julho (77,4%). O percentual de famílias endividadas também recuou entre os consumidores com renda de até 3 salários mínimos (-0,3 p.p.) e de 3 a 5 salários mínimos (-0,2 p.p.)

Por sua vez, as famílias com renda superior a 10 salários mínimos não se beneficiaram com redução do endividamento. Contudo, também não houve aumento do indicador, mas apenas estabilidade em relação a julho.

Inadimplência bate recorde em agosto

Embora o endividamento tenha recuado pelo segundo mês consecutivo, o número de famílias inadimplentes bateu recorde no país em agosto. Segundo os dados da Peic, três em cada dez famílias estavam com dívidas atrasadas no país.

A taxa chegou a 30% no mês passado, superando a inadimplência registrada em julho (29,6%). Aliás, a CNC nunca havia registrado uma taxa de inadimplência tão elevada quanto a do mês passado.

“O aumento da inadimplência acende um sinal de alerta para a economia brasileira como um todo”, afirma a economista da CNC responsável pela Peic, Izis Ferreira. Ela explicou que as famílias do país ainda enfrentam juros elevados, apesar do recente corte na taxa Selic.

Vale destacar que a desaceleração da inflação e a melhora do mercado de trabalho ajudam os consumidores a superarem as dívidas. Ainda assim, nem todos conseguem honrar seus compromissos financeiros.

Por falar nisso, a pessoa inadimplente é aquela que possui dívidas ou contas em atraso. Existem alguns fatores que propiciam o aumento da inadimplência entre os consumidores, como manter mais de um cartão de crédito e não se atentar à própria saúde financeira e às datas de pagamento das contas.

Endividamento recua, mas inadimplência bate recorde em agosto. Imagem: Pixabay.

Peic tem importância nacional

A saber, a Peic foi utilizada pelo Governo Federal para desenvolver o Programa Desenrola. Em síntese, o objetivo do programa consistia em propor a renegociação de dívidas de pessoas com bancos. O público-alvo do programa deve possuir renda entre R$ 2,6 mil e R$ 20 mil.

Com isso, o endividamento entre os brasileiros caiu novamente em agosto. De acordo com o presidente da CNC, José Roberto Tadros, “a queda do endividamento é um sinal positivo de que mais famílias estão conseguindo controlar melhor suas dívidas e ajustar seus orçamentos“.

No entanto, a taxa de juros elevada e o crédito caro ainda são empecilhos à melhoria da situação financeira dos brasileiros“, ponderou Tadros.

Cartão de crédito impulsiona endividamento

A Peic ainda revelou quais foram os principais tipos de dívidas dos consumidores do país em agosto. Veja abaixo os percentuais registrados:

  1. Cartão de crédito: 85,5%;
  2. Carnês: 17,1%;
  3. Crédito pessoal: 9,2%;
  4. Financiamento de carro: 7,9%;
  5. Financiamento de casa: 7,5%;
  6. Crédito consignado: 5,1%;
  7. Cheque especial: 4,0%;
  8. Outras dívidas: 2,6%;
  9. Cheque pré-datado: 0,5%.

Por fim, a CNC destacou que carnês de loja foram a única modalidade de dívida com avanço (+0,4 p.p.) na comparação com julho. Nas demais modalidades, a taxa de endividamento recuou ou se manteve estável.