O presidente Jair Bolsonaro (PL) se encontrará nesta segunda-feira (8), com representantes da Federação Nacional dos Bancos (Febraban). A reunião já está oficializada na agenda oficial da presidência. Segundo aliados do chefe de estado, ele deverá pedir para que os banqueiros não cobrem juros altos no consignado do Auxílio Brasil.
Quem deu a informação foi o Ministro chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira. De acordo com ele, Bolsonaro estaria preocupado com os juros. “Vamos fazer um apelo à Febraban e aos seus associados para que tenham sensibilidade neste momento com a população mais pobre e necessitada”, disse ele em entrevista ao portal Poder 360.
“O empréstimo consignado para os beneficiários do Auxílio Brasil precisa ser com juros que não coloquem essa população mais vulnerável em dificuldades. O momento atual pede união de todos, e tenho certeza de que os bancos pensam no bem no Brasil”, completou Nogueira sobre a situação do consignado do programa social.
A declaração do Ministro e a reunião de Bolsonaro acontecem justamente em um momento de críticas em relação ao processo de liberação do consignado do Auxílio Brasil. Algumas entidades da sociedade civil chegaram a alertar oficialmente para a situação dos mais pobres, que segundo eles, poderiam se endividar ainda mais em um longo prazo.
Ao dizer que os mais vulneráveis poderiam entrar em mais dificuldades, o Governo Federal admite pela primeira vez que a parte mais pobre da população pode se complicar nos próximos meses. Afinal de contas, eles poderão pedir o empréstimo, e começar a receber o benefício social com descontos durante um longo período de tempo.
O consignado do Auxílio Brasil
O consignado do programa Auxílio Brasil deve funcionar de forma semelhante ao sistema que já acontece para os segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A margem consignável deverá ser de 40%.
O cidadão que faz parte do programa poderá solicitar o dinheiro, receber o montante e a partir daí receberá o Auxílio Brasil com descontos mensais de até 40%. O abatimento será feito até que ele consiga quitar completamente a sua dívida.
Cada banco tem o poder de definir a sua taxa de juros. Como o texto já foi oficialmente sancionado, algumas financeiras já começaram a oferecer o crédito com taxas anuais que chegam até a 79%. Desta forma, os cidadãos poderiam ter que devolver quase o dobro do dinheiro que pegaram.
Contexto
Vale lembrar que a visita do presidente Jair Bolsonaro acontece em um contexto de turbulência na sua relação com o empresariado. A situação piorou depois que alguns líderes da Febraban assinaram o chamado manifesto “Em Defesa da Democracia e da Justiça”.
Trata-se de um documento criado pela Universidade de São Paulo, e que é visto como uma resposta às recentes declarações do presidente sobre as urnas eletrônicas. Recentemente, Bolsonaro disse que quem assinou o documento era “cara de pau e sem caráter”.
Ele criticou especificamente o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes, pela assinatura da do manifesto. Ao marcar uma nova reunião com representantes do setor empresarial, Bolsonaro tenta voltar a manter contato com este grupo.