Apesar da estreita relação que existe entre a empregabilidade e a educação, onde a graduação pode ser um diferencial no mercado de trabalho e ajudar a minimizar os impactos da crise econômica alavancada pela pandemia do novo coronavírus, estudos demonstram ainda uma elevação surpreendente no que tange aos jovens.
Muitos Jovens pararam de Trabalhar
De acordo com relatório publicado pela OIT – Organização Internacional do Trabalho, 1 em cada 5 jovens no mundo tiveram que parar de trabalhar durante a pandemia. No Brasil, esta realidade é ainda pior. Estima-se que, enquanto o desemprego geral ficou na faixa de 13% só no ano passado, entre os jovens este índice subiu para mais de 27%, para as idades entre 18 e 24 anos. Especialistas apontam, no mínimo, três razões para isso: a pouca experiência, a rescisão menos onerosa e a oferta alta de profissionais com este perfil.
Vagas de Estágio caindo
O novo cenário econômico pós pandemia é ainda pior se contarmos as vagas de estágios. O CIEE – Centro de Integração Empresa-Escola, contabilizou uma queda de cerca de 25% na contratação de estagiários só nos quatro primeiros meses de do ano passado. Se comparado ao ano anterior, este índice sobe para 85%.
Crescimento Home Office
Com o surgimento de novas cepas do coronavírus e o retrocesso no combate à doença em diversas regiões do país, ainda é incerta a retomada do mercado de trabalho, mas estudiosos e consultores de RH já compartilham a ideia de que a retomada na criação de vagas não será tão rápida quando a necessidade de atendimento da demanda. Por um lado, este ponto é considerado positivo, pois a tendência, neste caso, é de aumento salarial e oferta de melhores benefícios. Por outro, empresários estudam estratégia de manutenção da redução de custos, optando pela implementação de horas extras para seus colaboradores, diante da flexibilidade de horários e da modalidade Home Office.
Queda da Renda do Brasileiro
Outro desafio parece permear o cenário econômico brasileiro, no que diz respeito a empregabilidade. Em palestra realizada no I Congresso Internacional Virtual e X Congresso Acadêmico Fatepi-Faespi (CONAFF), o presidente do Conselho Federal de Administração, Mauro Kreuz, alertou para a queda de renda do brasileiro, que poderá colocar cerca de 50 milhões de pessoas na faixa da miséria. O presidente destaca que, neste novo cenário, vão existir três tipos de pessoas: os empreendedores, a mão de obra executiva e aqueles que ficarão a margem, “sem participar de nada”. Mauro acrescentou que a mão de obra executiva deverá dominar entre 60% e 70% da força de trabalho.
Como ficarão os Jovens
Com relação aos jovens, uma saída é a busca do ensino superior. No entanto, ainda com o impacto da pandemia, também a modalidade de ensino mudou de presencial para online. Apesar da educação a distância já existir desde a década de 1980, em nível mundial, aqui no Brasil ela começou a ser implementada nos currículos das instituições de ensino superior, no início dos anos 1990. Mas antes da pandemia, assistir aulas online era uma opção do aluno. Hoje é um modelo necessário para aqueles que querem finalizar seus estudos. Com isso, de acordo com estudo realizado pela Pesquisa Juventudes e a Pandemia do Coronavírus, realizada pelo CONJUVE (Conselho Nacional da Juventude), em parceria com Fundação Roberto Marinho, Rede Conhecimento Social, UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), Em Movimento, Visão Mundial, Mapa Educação e Porvir, com cerca de 34 mil jovens em todo o país, esta faixa etária demonstra um aumento na ansiedade e incertezas, principalmente dentre aqueles que estão numa situação de maior vulnerabilidade, em função das desigualdades sociais, acirradas durante a quarentena.
Outro dado preocupante apontado pelo estudo é que “três em cada 10 jovens confessaram que já pensaram em não retornar [aos estudos]; 52% não pretendem fazer o Enem, 17% estão indecisos e somente 31% pretendem fazer as provas; sete em cada 10 jovens estão pessimistas em relação à economia brasileira após a pandemia e metade dos respondentes consideram que o governo do país vai piorar um pouco ou muito um ano depois de a pandemia acabar.”
A pesquisa teve como objetivo entender a realidade e a vivências de jovens de todas as regiões do país e entender suas perspectivas quanto as consequências do COVID-19 no mercado de trabalho.
Otimismo
Indo contra estas previsões, especialistas em gestão de pessoas acreditam que o cenário pode ser menos pior. Para eles, esta é uma possibilidade dos jovens se reinventarem, buscando novas formações, novos modelos de trabalho e novas profissões que estão surgindo. Para estes especialistas duas habilidades são fundamentais para encarar este novo mercado de trabalho: raciocínio crítico para a solução de problemas e adaptabilidade. Liderança, protagonismo, resiliência, autoconhecimento, inteligência emocional e proatividade também são considerados fatores-chaves para conseguir uma boa colocação.