A população mais pobre da cidade de São Paulo vem registrando cada vez mais dificuldades para comprar o botijão de gás. Dados de uma nova pesquisa divulgada pelo Instituto Pólis nesta semana, mostram que a população mais vulnerável da capital paulista, precisa comprometer 11% da sua renda na compra do utensílio.
A pesquisa divulgada pelo Instituto considerou apenas os dados da cidade de São Paulo neste mês de maio. Eles realizaram o levantamento em 337 pontos de revenda na capital e chegaram na conclusão de que os mais pobres sofrem cada vez mais para conseguir comprar o botijão de gás neste momento.
“A pesquisa mostra que a fonte de energia mais importante para a alimentação de famílias em domicílios urbanos é, desproporcionalmente, mais onerosa para a população em situação de maior vulnerabilidade”, afirma a coordenadora-geral do Instituto Pólis, Danielle Klintowitz.
O estudo mostra que o valor do gás varia conforme as regiões da cidade. Em geral, os maiores preços estão localizados nas regiões habitadas pela população mais rica, podendo chegar até a R$ 132,50, em média. No entanto, áreas mais pobres também registram crescimento de valor, com o botijão podendo chegar até a R$ 122,56 em média.
Para quem vive apenas com o Auxílio Brasil, por exemplo, os dados são alarmantes. Conforme informações do Ministério da Cidadania, o programa paga neste momento R$ 400, no mínimo, por pessoa. Ao comprar o botijão de R$ 122, a família ficaria apenas com outros R$ 278 para conseguir sobreviver durante o resto do mês.
Desde o final do ano passado, o Governo Federal realiza os pagamentos do vale-gás nacional. O programa social teve autoria do Congresso Nacional e já foi sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda no ano de 2021.
O projeto consiste em realizar repasses de, no mínimo, 50% do preço médio nacional do botijão de gás. No último mês de abril, por exemplo, o Palácio do Planalto liberou R$ 51 para todos os cidadãos que estavam na folha de pagamentos do programa.
Entretanto, o projeto não atende todas as pessoas que estão em situação de vulnerabilidade neste momento. Dados do próprio Ministério da Cidadania apontam que pouco mais de 5 milhões de brasileiros estavam na folha de pagamentos de abril.
Em uma comparação rápida, o Auxílio Brasil, do mesmo Governo Federal, atende pouco mais de 18,1 milhões de brasileiros. O antigo Auxílio Emergencial foi recebido por quase 70 milhões de cidadãos de todas as regiões.
Diante do cenário visto em São Paulo e em outras capitais, membros do Congresso Nacional tentam agilizar a aprovação do texto que libera um aumento do tamanho do programa social, ou seja, um projeto que prevê a entrada de mais usuários.
De acordo com o texto, a nova lei poderia dobrar o número de beneficiários dos atuais pouco mais de 5 milhões para pouco mais de 10 milhões de pessoas. No entanto, o texto ainda precisa passar pelo crivo dos deputados federais.