No último mês de julho, apenas 31,8% dos trabalhadores brasileiros tiveram um reajuste acima da inflação no Brasil. É o que mostram os dados do novo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O estudo mostra que 47,3% tiveram um reajuste abaixo da inflação.
A mesma pesquisa também indica que em outros 20,8% dos casos, o reajuste foi igual ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), que mede justamente a inflação no país. A partir dos dados postos, é possível dizer que a variação salarial do mês de julho seguiu negativa, assim como vinha acontecendo nos últimos 15 meses.
O termo pode parecer complexo, mas significa apenas que a grande maioria dos salários que foram reajustados continuam abaixo da inflação. Na prática, a maioria dos trabalhadores perderam o poder de compra, já que nesta conta não entram os que não tiveram reajuste nenhum. Hoje, as pessoas podem comprar menos do que compravam em anos anteriores.
Ainda de acordo com o Dieese, a média de reajuste ideal para “zerar a inflação” seria de +10,12%. Com os números apresentados, a média ficou em -1.10%, o que pode revelar que a situação está complicada para a grande maioria dos trabalhadores, mesmo aqueles que tiveram algum reajuste do seu salário em julho.
Quando se considera os números por setores, se observa que o comércio foi a área que mais teve reajustes iguais ou acima da inflação (69,6%), seguido da indústria (65%). A situação se inverte no setor de serviços. Os reajustes dos trabalhadores da área ficaram abaixo da inflação em 53,6% de todos os casos analisados.
Reajuste por região
O Dieese também considerou as diferenças regionais neste sentido. No Sul, por exemplo, a situação registrada foi bem melhor do que a média nacional. Considerando os dados do Rio Grande do Sul, do Paraná e de Santa Catarina, 74% dos reajustes foram acima da inflação.
No Sudeste, a taxa de julho ficou na casa dos 55% e no Centro-Oeste foi de 32%, e se aproximou da média nacional, que é semelhante também no Norte e no Nordeste. Nestes casos, apenas 3 em cada 10 trabalhadores receberam o reajuste acima da inflação.
Inflação
A inflação dos produtos vem afetando duramente a vida de milhões de brasileiros, e não apenas os assalariados. Usuários de programas como o Auxílio Brasil, por exemplo, sofrem com o aumento dos preços dos itens no mercado.
A situação não afeta apenas o Brasil. De acordo com especialistas, a Guerra da Ucrânia e os efeitos da pandemia do coronavírus estão afetando vários países ao redor do mundo. Nesta quarta-feira (24), a presidente do Banco Central (BC), Christine Lagarde, citou ainda a questão das mudanças climáticas.
“Se mais e mais desastres climáticos, secas e fomes ocorrerem em todo o mundo, haverá repercussões nos preços, nos prêmios de seguros e no setor financeiro”, disse ela em entrevista para a revista Madame Figaro.
Opositores do presidente Jair Bolsonaro (PL) também criticam a atuação do Ministério da Economia nos últimos anos e apontam responsabilidade da União na piora da situação da inflação no Brasil. O Governo nega a tese e culpa o cenário internacional.