Em entrevista coletiva, o Ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT) voltou a culpar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por problemas no reajuste do salário mínimo. Segundo o chefe da pasta econômica, as ações da gestão anterior teriam impactado a organização das contas públicas.
“A partir do início do processo eleitoral, por razões que não têm nada a ver com dignidade e respeito à Constituição, a fila começou a andar, porque o governo anterior estava desesperado atrás de voto”, disse Fernando Haddad. Ele apresentou seu primeiro pacote de planos econômicos para esta semana.
“Assim como colocaram 2,5 milhões (de pessoas) para dentro do Auxílio Brasil sem o menor filtro, com o objetivo de angariar apoio político e reverter a situação desfavorável que eles enfrentavam do ponto de vista eleitoral”, disse ele sem citar nominalmente o ex-presidente da república.
Na última semana, o jornal Folha de São Paulo publicou reportagem afirmando que o novo governo não tem espaço para elevar o salário mínimo para R$ 1.320. Segundo as apurações, a nova gestão entendeu que esta nova elevação poderia quebrar o teto de gastos e levar o presidente a cometer um crime de responsabilidade social.
No final do ano passado, o Congresso Nacional aprovou o plano de orçamento para este ano de 2023, e indicou que o aumento do salário seria para R$ 1.320. Contudo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda não assinou o decreto. Assim, o valor válido agora é o de R$ 1.302, definido ainda por Bolsonaro no final do ano passado.
Discussão segue
Mesmo neste cenário, Haddad disse que nenhum martelo foi batido sobre o tema ainda. Ele confirmou que o presidente Lula vai se encontrar com representantes de Centrais Sindicais na próxima semana.
“É por isso que a gente pediu para a Previdência refazer os cálculos, para que a gente possa, na mesa de negociação que será aberta com o ministro Luiz Marinho [Trabalho] e com as centrais sindicais, avaliar adequadamente e responsavelmente como agir à luz desse quadro.”
Aumento real do salário
Haddad disse ainda que independente da decisão final, o presidente já cumpriu a sua promessa de conceder um aumento real do salário mínimo para este ano. Vale lembrar que entre 2022 e 2023, o valor do piso subiu de R$ 1.212 para R$ 1.302.
“O presidente cumpre sua palavra neste mês e cumprirá todos os anos, porque é um compromisso de vida dele, nos oito anos em que ele foi presidente, e não será diferente agora”, disse Haddad em coletiva.
O Ministro da Fazenda deve viajar para Davos, na Suíça, nos próximos dias, onde representará o Brasil no Fórum Econômico Mundial. A expectativa é de que uma decisão sobre o futuro do salário mínimo no Brasil só seja discutida depois do seu retorno.
O Governo analisa, por exemplo, a possibilidade de aumentar o salário mínimo dos atuais R$ 1.302 para R$ 1.320 apenas a partir de maio deste ano. Há uma chance de que o anúncio desta elevação seja feita no dia 1º de maio, o Dia do Trabalhador.