Economia

Economia brasileira ENCOLHE 0,3% em julho, diz Monitor do PIB-FGV

economia brasileira registrou uma leve queda em julho de 2023. De acordo com o Monitor do PIB-FGV, realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE),a atividade econômica do país encolheu 0,3% no sétimo mês deste ano, em relação a junho.

Embora a taxa tenha ficado negativa na comparação mensal, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,8% em julho, em relação ao mesmo período de 2022. Isso indica taxas mais positivas do governo Lula, ao menos na comparação com o mesmo período do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Cabe salientar que, em 2022, o PIB brasileiro cresceu 2,9% em relação a 2021. Isso aconteceu por causa da fraca base comparativa, uma vez que o país ainda sofria com os impactos provocados pela pandemia da covid-19 em 2021.

Aliás, a economia global sofreu uma grande recessão em 2020, ano da decretação da pandemia. No ano seguinte, as nações registraram resultados bastante positivos devido à fraca base comparativa, mas os dados apenas refletiram uma recuperação gradual da atividade econômica dos países.

No Brasil, o crescimento não ocorreu apenas em 2021, mas também em 2022. Para 2023, a expectativa também é de avanço do PIB, e as estimativas estão cada vez mais otimistas graças ao bom desempenho dos setores econômicos, com destaque para a agricultura.

Por que o PIB brasileiro encolheu em julho?

Segundo a coordenadora da pesquisa, Juliana Trece, diversos fatores contribuíram para a queda da economia brasileira em julho deste ano. Em suma, nenhuma das grandes atividades econômicas registrou crescimento na comparação com junho, e isso provocou a queda do PIB no sétimo mês deste ano.

A retração de 0,3% da economia brasileira em julho é explicada, pela ótica da oferta, por quedas nas três grandes atividades econômicas (agropecuária, indústria e serviços) e, pela ótica da demanda, por recuos no consumo das famílias e na formação bruta de capital fixo“, explicou Trece.

A pesquisadora também ressaltou a queda do consumo das famílias, algo que não acontecia desde o início do ano. “Destaca-se que a retração do consumo das famílias é a primeira após cinco meses consecutivos de crescimento e ocorreu de forma disseminada entre os tipos de consumo“, disse.

Três grandes atividades econômicas encolhem em julho e puxam economia brasileira para baixo. Imagem: Pixabay.

Agropecuária impulsionou a economia no início do ano

Nos primeiros meses de 2023, a agropecuária impulsionou a atividade econômica do Brasil. Em resumo, a colheita recorde da soja, principal grão produzido no país, fortaleceu a atividade e surpreendeu o mercado.

Com o encerramento da colheita do grão, a agropecuária deixou de impulsionar o PIB brasileiro, como o fez no primeiro trimestre. Como a indústria e o setor de serviços também não apresentaram taxas muito positivas nos meses seguintes, a atividade do país passou a desacelerar.

Em julho, a situação ficou ainda mais complicada, pois nenhuma das três grandes atividades conseguiu crescer na comparação mensal. “Embora a economia tenha apresentado resiliência do crescimento no primeiro semestre do ano, o resultado de julho, acende alerta sobre a sustentabilidade do mesmo patamar de crescimento no restante de 2023“, afirmou Juliana Trece.

Também vale destacar que o setor serviços é o principal motor da economia brasileira e geralmente exerce a maior influência no PIB do país. O setor responde por cerca de 70% da atividade econômica do país, e os resultados do setor acabam influenciando fortemente a taxa nacional.

Desafios para a economia brasileira em 2023

Em síntese, os dois principais desafios para a atividade econômica do país em 2023 são os juros elevados e a desaceleração do setor de serviços. Aliás, os juros altos enfraqueceram os serviços e a indústria em julho, mas os próximos dados do Monitor do PIB-FGV deverão apresentar dados mais positivos.

A saber, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, em suas duas últimas reuniões. No início de agosto, os juros caíram de 13,75% para 13,25% ao ano, surpreendendo o mercado, que esperava uma queda de 0,25 ponto percentual (p.p.).

Isso também aconteceu nesta quarta-feira (20), quando o Copom também reduziu em 0,50 p.p. a taxa Selic, para 12,75% ao ano. Embora os juros continuem patamar elevado, a taxa atual está 1,0 p.p. menor que em julho, quando a economia brasileira encolheu.

Para quem não sabe, a taxa Selic é o principal instrumento do BC para controlar a inflação no Brasil. Quanto mais elevados os juros estiverem no país, mais comprometido fica o poder de compra dos consumidores. O principal efeito colateral da Selic elevada é a limitação do crescimento econômico, cenário que vem sendo visto nos últimos meses.

Por fim, o FGV IBRE ainda estimou que, nos sete primeiros meses de 2023, o PIB brasileiro acumulou R$ 6,11 trilhões, em valores correntes.