O dólar fechou a sessão desta terça-feira (5) em alta de 0,82%, cotado a R$ 4,9749. O nível é o mais elevado desde o dia 17 de agosto, ou seja, em quase três semanas. À época, a moeda norte-americana encerrou a sessão cotada a R$ 4,9813.
Com o acréscimo deste resultado, o dólar inverteu a trajetória em setembro, que estava negativa (-0,32%), e passou a acumular alta de 0,50% no mês. No entanto, no acumulado de 2023, a divisa americana continua em queda (-5,74%).
Por falar nisso, o dólar chegou a registrar um tombo de mais de 11% no acumulado deste ano. Contudo, a moeda fechou agosto com ganhos firmes de 4,68%, eliminando uma parte significativa da queda acumulada nos meses anteriores.
Para setembro, as expectativas em relação ao dólar se mostram bastante divididas. Enquanto alguns analistas acreditam na queda da moeda, principalmente por causa do fortalecimento econômico do Brasil, outros apostam em mais um mês de ganho da divisa americana em relação ao real.
Nesta terça-feira (5), o dólar se fortaleceu com as preocupações vindas do exterior. Em resumo, o Índice Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês) do setor de serviços evidenciou as dificuldades que a segunda maior economia do mundo vem enfrentando nos últimos tempos.
A saber, o indicador da China recuou de 54,1 pontos em julho para 51,8 pontos em agosto. Esse resultado é bastante preocupante, pois o indicador reflete a percepção do mercado sobre a economia do país. Portanto, as quedas do índice mostram que há mais pessimismo que otimismo entre o mercado.
Cabe salientar que o PMI pode variar entre 0 e 100 pontos. Enquanto taxas acima de 50 pontos refletem crescimento econômico, resultados inferiores a essa marca indicam contração da atividade econômica.
Em agosto, a economia chinesa continuava em crescimento, mas a desaceleração preocupou o mercado. Na verdade, o país asiático vem registrando taxas cada vez mais fracas da sua atividade econômica. Dessa vez, o indicador ficou ainda mais próximo da linha que separa crescimento de retração, e o temor agora é sobre os próximos dados do PMI.
Vale destacar que o mercado esperava que a China tivesse um papel super importante na recuperação econômica global em 2023. Como os Estados Unidos estão com os maiores juros das últimas duas décadas, a economia americana tende a apresentar um crescimento bem fraco neste ano.
Por isso, o mercado estava torcendo para que a China suprisse a ausência da maior economia mundial na recuperação do planeta. No entanto, os dados chineses mostram que as duas maiores economias globais estão enfrentando mais desafios que o esperado. Agora, não há mais expectativas de crescimento significativo em nenhuma dos dois países.
Os dados da China preocuparam o mercado e fortaleceram o dólar. Entretanto, a situação da Europa vem se mostrando ainda mais crítica. Em síntese, o PMI Composto na Europa caiu de 48,6 em julho para 46,7 em agosto, indicando uma retração ainda maior da economia local.
A Europa possui uma grande importância na economia global, e esse resultado evidencia o aumento da intensidade da queda da economia europeia. Em outras palavras, os Estados Unidos e a China deverão provocar uma desaceleração econômica global, e os resultados da Europa fortalecem essa projeção.
Muitos analistas acreditavam que o ano de 2023 ficaria marcado pela recuperação econômica global. Contudo, a desaceleração já é uma realidade, e os dados podem ficar ainda mais negativos.
Tudo isso fortaleceu o dólar na sessão de hoje. Isso aconteceu porque, quando as estimativas para a economia global estão mais pessimistas, os investidores tendem a buscar ativos mais seguros, como os títulos americanos. Com o aumento da movimentação financeira nos EUA, o dólar acaba se fortalecendo, ante as demais divisas, principalmente aquelas de países emergentes, como o real.
No cenário doméstico, o que mais repercutiu entre os investidores foi o desempenho da produção industrial brasileira. Em suma, a indústria do país encolheu 0,6% em julho deste ano e agora acumula uma queda de 0,4% em 2023.
Esse resultado é bastante negativo, pois a indústria responde por mais de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Em outras palavras, a queda da produção industrial afetará significativamente o PIB do Brasil, e, quanto mais enfraquecido ele estiver, menos atraente fica o Brasil para os investidores.
Por fim, os acontecimentos que mais repercutiram na sessão desta terça-feira (5) ajudaram a fortalecer o dólar. Por isso que a moeda americana teve um forte avanço no dia.