As preocupações com o cenário fiscal do Brasil falaram mais alta nesta quarta-feira (22) e impulsionaram o dólar. A moeda norte-americana passou boa parte do pregão em queda, mas inverteu a trajetória e subiu no dia.
Na sessão de hoje (22), o dólar subiu 0,07% e fechou o dia cotado a R$ 4,9016. Embora esse tenha sido o segundo avanço consecutivo, a moeda ainda acumula queda de 0,10% na semana.
Já em novembro, o dólar segue registrando um recuo firme de 2,76%. O resultado sucede as altas de agosto (4,68%), setembro (1,55%) e outubro (0,28%), e mostra que a desaceleração observada nos últimos meses culminou na queda em novembro, ao menos até agora.
Por sua vez, no acumulado de 2023, a divisa tem uma queda ainda mais intensa, de 7,13%. Inclusive, a queda anual chegou a atingir 11% em julho. Entretanto, as preocupações com o exterior impulsionaram o dólar nos últimos meses, reduzindo boa parte das perdas.
Na tarde desta quarta-feira (22), os ministérios da Fazenda e do Planejamento informaram que a projeção de rombo das contas públicas em 2023 ficou mais elevada. Em resumo, as pastas agora acreditam que o déficit primário ficará em R$ 177,4 bilhões neste ano. O último prognóstico indicava um rombo bem menor, de R$ 141,4 bilhões.
Essa nova previsão se distancia ainda mais da “meta informal” do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em janeiro, ele disse que as contas públicas teriam déficit de R$ 100 bilhões em 2023, mas as estimativas superam essa marca há muito tempo, e estão ainda mais negativas no final do ano.
Em meio ao aumento das projeções de rombo das contas públicas em 2023, o governo federal segue projetando um déficit zero em 2024. Na semana passada, o governo revelou que desistiu de alterar a meta fiscal para 2024. Em suma, o governo segue com o objetivo de zerar o déficit das contas públicas no ano que vem, apesar da dificuldade em atingir esse objetivo.
De todo modo, a decisão dá maior tempo para o ministro Fernando Haddad tentar conseguir a tramitação no Congresso Nacional de algumas medidas que aumentem a arrecadação federal. Aliás, o governo também planeja cortar gastos para reduzir o rombo das contas em 2024.
Além disso, a meta fiscal de 2024 prevê que o governo federal gaste apenas o que arrecadar e o que possuir em caixa. Em outras palavras, o Executivo não irá aumentar a dívida pública com gastos e investimentos, uma vez que irá gastar apenas o que tiver.
No entanto, nesta quarta-feira (22), surgiram informações de que o senador Randolfe Rodrigues, líder do governo no Congresso Nacional, propôs uma emenda ao projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024, e isso preocupou os analistas.
A saber, o senador quer evitar um corte de até R$ 30 bilhões em despesas no próximo ano com essa emenda. O valor foi alcançado através de projeções de especialistas e consultores de Orçamento.
No início de novembro, o Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, decidiu manter a taxa de referência dos juros inalterada no país, no intervalo de 5,25% a 5,50% ao ano. A decisão veio em linha com as estimativas do mercado, e os analistas acreditam que o Fed manterá os juros estáveis até meados de 2024, quando começará a reduzir a taxa no país.
Na véspera (21), o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed divulgou a ata da última reunião da entidade. Em síntese, o documento mostrou que o Fed poderá ter uma abordagem mais cautelosa em relação aos juros nos EUA.
Contudo, a ata também mostrou que as autoridades poderão aumentar os juros no país caso os dados econômicos demonstrem que a taxa de juros não está limitando suficientemente a inflação norte-americana.
A saber, a taxa de juros nos EUA está no nível mais elevado em mais de duas décadas. Mesmo que o Fed venha mantendo a taxa estável nos últimos encontros, isso não é totalmente positivo para a população, já que o patamar continua muito alto, afetando a economia do país.
Os especialistas entendem que o Fed está bastante dependente dos dados para tomar qualquer decisão. Portanto, os dados mais fracos da inflação nos EUA, divulgados na semana passada, animaram os investidores, que deixaram o dólar de lado.