O último trimestre de 2023 começou sem grandes novidades em relação ao dólar. Após subir 4,68% em agosto e 1,55% em setembro, a moeda norte-americana iniciou a semana em alta, pressionado pelas preocupações globais, que estão enfraquecendo as divisas emergentes, como o real.
Nesta segunda-feira (2), o dólar fechou o pregão em alta de 0,79%, cotado a R$ 5,0662. Esse é o maior patamar de fechamento de um mês desde o final de maio, quando a moeda americana encerrou o mês cotada a R$ 5,0731.
Embora venha avançado nos últimos meses, o dólar continua em campo negativo no acumulado de 2023. A saber, a divisa tem uma queda de 4,01% no ano. Aliás, vale destacar que a perda chegou a 11% em julho, mas os bons resultados de agosto e setembro eliminaram a maior parte das quedas observadas nos meses anteriores.
Recessão econômica global preocupa
Em resumo, o dólar sobe, principalmente, quando as preocupações dos investidores superam o otimismo. Na sessão de hoje (2), as preocupações em torno de uma recessão econômica global pairaram sobre o mercado, provocando uma fuga para ativos de risco mais seguros, como as treasuries, que são os títulos norte-americanos.
Na semana passada, os papeis atingiram o maior valor dos últimos 15 anos. Isso acaba atraindo capital para os Estados Unidos, uma vez que a rentabilidade dos papeis crescem, e quem se beneficia é o dólar, com o avanço da sua cotação.
Como as expectativas em relação ao futuro não são muito animadoras, os investidores preferem buscar ativos mais seguros, com medo de calote. Assim, retiram capital de países menos seguros, como o Brasil, e o alocam em grandes nações, como os EUA.
Investidores repercutem dados dos EUA
Em setembro, os investidores repercutiram os dados vindos dos EUA. Em suma, o governo norte-americano revelou que o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA cresceu 2,1% no segundo trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2022. O resultado veio abaixo das projeções de analistas, que acreditavam em um avanço de 2,4% no período.
Por sua vez, o Núcleo do Índice de Preços das Despesas de Consumo Pessoal (PCE) nos EUA subiu 0,1% em agosto, na comparação com julho. O resultado foi menor que o esperado pelo mercado, que projetava uma alta de 0,2%. Tudo isso é muito importante para os investidores, que começam a fazer previsões em torno dos juros no país.
A propósito, o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, analisa o PCE para tomar suas decisões sobre os juros no país. Por isso, a inflação mais fraca que o projetado é uma indicação para que a entidade não aumente os juros no país.
Mercado de trabalho pode afetar juros nos EUA
Nesta semana, os EUA deverão divulgar informações mais recentes sobre o mercado de trabalho americano. O temor dos investidores é que os dados indiquem fortalecimento do trabalho, o que pode indicar maior volume de dinheiro na mão da população. Assim, o risco de alta da inflação cresceria, e o Fed poderia decidir por elevar os juros no país.
Cabe salientar que, no último dia 20 de setembro, o Fed manteve estável a taxa de juros no país, o que já era esperado pelo mercado. No entanto, a decisão não foi unânime, pois alguns diretores do Comitê de Política Monetária do Fed votaram a favor de uma elevação de 0,25 ponto percentual dos juros.
Apesar de o Fed não ter elevado os juros no país, a taxa está no maior patamar em mais de 20 anos nos EUA. Portanto, os consumidores estão com o poder de compra em um nível muito baixo, visto que os juros altos pressionam o custo de vida no país.
Em síntese, a entidade decidiu aguardar mais um pouco para analisar os próximos dados relacionados à atividade econômica dos EUA, bem como o desempenho de outros indicadores, como taxa de desemprego e inflação. Aliás, o banco não descartou a possibilidade de aumentar os juros ainda em 2023.
Caso isso ocorra, a decisão deverá afeta diretamente a cotação do dólar, pois, quanto mais altos os juros estiverem, maior o rendimento dos títulos norte-americanos.
Cenário nacional também repercute e influencia o dólar
No âmbito doméstico, os investidores ficaram atentos a vários acontecimentos no Brasil. Também no dia 20 de agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu a taxa Selic. O corte de 0,50 ponto percentual, para 12,75% ao ano, foi o segundo consecutivo.
Isso repercute entre os investidores, pois os juros afetam a rentabilidade dos títulos nacionais. Além da queda da taxa Selic, o Brasil também não possui uma saúde fiscal tão forte quanto a dos EUA. Logo, o país enfrenta bem mais desafios para conseguir atrair capital do que a maior nação do planeta.
Nesta segunda-feira (2), o Governo Federal revelou que o país criou 220,8 mil vagas de emprego formal em agosto deste ano. O valor corresponde a uma queda de 23,3% em relação ao mesmo período do ano passado.