O dólar iniciou a semana em queda, com investidores atentos aos Estados Unidos, acreditando que o início da queda dos juros na maior economia do mundo pode estar mais próximo que nunca. O mercado também analisou as novas estimativas dos analistas do mercado financeiro em relação aos principais indicadores econômicos do país.
Na sessão de hoje (20), o dólar caiu 1,11% e encerrou o dia cotado a R$ 4,8517. Essa é a menor cotação da moeda americana desde o dia 2 de agosto, quando a divisa fechou a sessão cotada a R$ 4,8039, ou seja, em três meses e meio.
Em novembro, o dólar acumula uma queda firme de 3,75%. O resultado sucede as altas de agosto (4,68%), setembro (1,55%) e outubro (0,28%), e mostra que a desaceleração observada nos últimos meses culminou na queda em novembro, ao menos até agora.
Já no acumulado de 2023, a divisa tem um recuo ainda mais intenso, de 8,08% no ano. Inclusive, a queda anual chegou a atingir 11% em julho, mas as preocupações com o exterior impulsionaram o dólar nos últimos meses, reduzindo boa parte das perdas.
Na semana passada, os mercados repercutiram a divulgação da inflação de outubro nos EUA. A taxa ficou nula e isso surpreendeu o mercado, já que a expectativa era de alta de 0,1% no mês.
O resultado sucedeu o avanço de 0,4% registrado em setembro e repercutiu de maneira positiva no mercado de câmbio. Isso aconteceu porque a inflação mais fraca que o esperado nos EUA tende a significar que os juros não vão subir no país, algo que os investidores temem que aconteça.
Na verdade, a inflação é um dado muito importante, pois tem o poder de influenciar o rumo da política monetária nos EUA. Quanto mais elevada está a inflação, maiores são os riscos de o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, elevar os juros no país, algo que os investidores não desejam.
Em suma, especialistas entendem que o Fed está bastante dependente dos dados para tomar qualquer decisão. Portanto, os dados mais fracos da inflação animaram os investidores, que buscaram ativos de risco durante alguns pregões da semana, deixando o dólar de lado. Agora, os investidores acreditam que os juros podem começar a cair no primeiro semestre de 2024.
No início de novembro, o Fed manteve a taxa de referência dos juros inalterada no país, no intervalo de 5,25% a 5,50% ao ano. A decisão veio em linha com as estimativas do mercado, e os analistas acreditam que o Fed manterá os juros estáveis até meados de 2024, quando começará a reduzir a taxa no país.
A propósito, a taxa de juros nos EUA está no nível mais elevado em mais de duas décadas. Mesmo que o Fed venha mantendo a taxa estável, isso não é totalmente positivo para a população, já que o patamar continua muito alto, afetando a economia do país.
A saber, os bancos centrais elevam os juros para conter a inflação nos países. Quanto mais alta a taxa de juros estiver, mais elevados ficam os juros no geral, como o imobiliário e o bancário. Isso acontece para que o poder de compra do consumidor fique reduzido e, assim, haja um enfraquecimento na demanda por produtos e serviços.
Em síntese, quanto menor a demanda, menores tendem a ser as variações nos preços. Aliás, os bancos centrais elevam os juros, pois estas entidades devem agir para atingir a meta da inflação estabelecida em cada ano para os países. Esse é o caso do Federal Reserve, nos Estados Unidos, e do Banco Central, no Brasil.
Por fim, o dia também ficou marcado pela repercussão das novas projeções de analistas do mercado financeiro em relação a indicadores econômicos do Brasil. Em suma, os analistas projetaram pela sexta semana consecutiva uma taxa inflacionária dentro da meta estabelecida para 2023.
De acordo com o boletim Focus, as estimativas apontaram para uma inflação de 4,55%, dentro do limite para a meta neste ano. Por falar nisso, o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu para 2023 uma meta central de 3,25% para a inflação no país.
A taxa pode variar entre 1,75% e 4,75%, pois a entidade também define um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo.
Por sua vez, os analistas do mercado financeiro reduziram as projeções para o crescimento da economia brasileira em 2023, de 2,89% para 2,85%. Em síntese, o crescimento do PIB do Brasil deverá se manter próximo ao avanço registrado no ano passado (2,90%).