Nesta semana, muitos brasileiros ficaram confusos em relação aos anúncios do governo federal sobre o preço do diesel. Primeiro, a Petrobras anunciou um corte de 7,9% no litro. Horas depois, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), anunciou que vai cobrar mais impostos sobre este combustível a partir de janeiro.
Diante dos dois anúncios, qual é o saldo? Afinal de contas, o diesel vai ficar mais caro a partir de janeiro? Em entrevista nesta quinta-feira (28), o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates foi perguntado sobre o assunto. Ao menos na visão dele, não há motivos para acreditar em um aumento do valor no próximo ano.
“As reonerações são um fator quase excepcional este ano, porque (…) tirar esse orçamento para dizer que o preço baixou, e artificialmente, foi de uma simplicidade atroz. O governo está, além de tudo, tendo de reconstruir o marco tributário, o pacto federativo que foi acordado pelas estados-membros da Federação, no qual o ICMS do combustível é uma das principais fontes de receita dos estados”, disse Prates.
“Você não pode simplesmente acabar com isso numa canetada. (…) E não há motivo absolutamente nenhum, mesmo com reoneração, para em janeiro haver aumento na bomba. Pelo contrário, há motivo para baixar o preço”, completou o presidente da Petrobras na entrevista.
Fim do PPI
Vale lembrar que em 2023 a Petrobras decidiu acabar com o Plano de Paridade Internacional (PPI). Este era o sistema que previa uma relação mais direta entre os valores do barril de petróleo internacional e o patamar que era cobrado nos combustíveis no Brasil.
Para Prates, esta mudança fez efeito, e o ano de 2023 pode ser visto como um ano de redução geral nos combustíveis do país.
“No diesel, nós tivemos nove ajustes, lembrando que no primeiro ano da PPI foram 118 ajustes, e este ano foram nove, o que já fala muito sobre estabilidade e previsibilidade. Desses nove do diesel, sete foram para baixo. (…) Na gasolina, sete ajustes, cinco para baixo. (…) No gás de cozinha, dois ajustes apenas, e os dois para baixo”, disse ele.
“Foi um ano de redução no combustível, desconectamos do PPI, que era a paridade de importação, ou seja, tudo que acontecia em Roterdã ou em Houston impactava diretamente em dólar no Brasil, um país autossuficiente em petróleo e dono de um parque de refino invejável.”
“Quando o presidente Lula chamou a atenção no plano de governo, ainda na campanha, e falou em ‘abrasileirar’ os preços, o que ele disse foi exatamente isso”, completou o presidente da Petrobras.
Reoneração do diesel
A desoneração dos combustíveis foi uma medida tomada pelo então presidente Jair Bolsonaro em 2022. Aquela foi a maneira encontrada pelo governo de tentar reduzir os preços da gasolina, do diesel e do etanol em um contexto internacional de alta do petróleo.
Durante todo o ano de 2023, o governo Lula foi retomando aos poucos o processo de oneração destes combustíveis. Mas o impacto não foi muito sentido pelos motoristas justamente porque a medida foi acompanhada de um contexto internacional mais favorável, com redução nos preços do petróleo, o que possibilitou uma redução dos valores pela Petrobras.
“A partir de 1º de janeiro tem a reoneração do diesel. Essa reoneração vai ser feita, estou confirmando que será. Mas o impacto é de pouco mais de R$ 0,30, e o impacto pela redução já anunciado pela Petrobras no mês de dezembro é mais de 50%”, disse Haddad a jornalistas, após reunião com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) ainda nesta semana.
“Se você comparar o preço do diesel com 1º de dezembro de 2023, você tem uma queda do preço da Petrobras mesmo com a reoneração. Não tem razões para [o posto de combustível] aumentar. Tem para diminuir”, seguiu Haddad.