A crônica narrativa é um estilo de texto bem flexível que descreve ou narra um fato cotidiano, ação de um personagem ou um determinado acontecimento de forma leve, simples e direta, seguindo uma linha de tempo lógica.
O discurso direto e a reprodução de falas são características presentes neste estilo de crônica, que também é classificado como texto narrativo, texto dissertativo, argumentativo ou texto descritivo. Geralmente, as crônicas são publicadas em colunas de jornais, revistas e também em livros.
A liberdade do autor é outro aspecto presente nas crônicas narrativas. O escritor tem o papel de observar e analisar uma determinada cena e descrevê-la de acordo com a sua visão crítica e opinião.
É comum que os autores façam o uso do humor para descrever determinados acontecimentos, fazendo com que o leitor se envolva, se interesse, se divirta e se entretenha com o texto.
Dicas para produzir uma boa crônica narrativa
Primeiramente, o autor deve observar com atenção o acontecimento, cena, fato ou cenário que deseja descrever para definir o tema do texto. É importante também que o escritor apresente logo no início de texto o tema escolhido de forma leve e objetiva.
Outra dica que facilita a produção de uma crônica narrativa é fazer a escolha de uma situação do cotidiano na qual o autor tenha intimidade, isso facilita a criação do texto. O autor deve também definir os personagens principais e/ou secundários que estarão presentes na crônica.
Além disso, deve-se sempre manter a fluidez na abordagem do tema escolhido e, no final, apresentar a opinião e ponto de vista sobre o tema. É importante destacar que como as crônicas são textos mais curtos, o autor deve sempre buscar a objetividade e a clareza.
Veja um exemplo de crônica narrativa abaixo:
Trecho de “Aprenda a Chamar a Polícia”, escrito por Luis Fernando Veríssimo:
Eu tenho o sono muito leve, e numa noite dessas notei que havia alguém andando sorrateiramente no quintal de casa. Levantei em silêncio e fiquei acompanhando os leves ruídos que vinham lá de fora, até ver uma silhueta passando pela janela do banheiro. Como minha casa era muito segura, com grades nas janelas e trancas internas nas portas, não fiquei muito preocupado, mas era claro que eu não ia deixar um ladrão ali, espiando tranquilamente.
Liguei baixinho para a polícia, informei a situação e o meu endereço.
Perguntaram-me se o ladrão estava armado ou se já estava no interior da casa.
Esclareci que não e disseram-me que não havia nenhuma viatura por perto para ajudar, mas que iriam mandar alguém assim que fosse possível.
Nesta crônica, o autor narra uma situação do cotidiano de forma leve e concisa, classificando ela como uma crônica narrativa.
Veja outro exemplo abaixo, trecho da crônica narrativa intitulada “O momento em que sua filha descobre a verdade sobre você” escrita por Gregório Duvivier:
Antes mesmo de ter uma filha já morria de medo disso: algum dia ela vai perceber que eu não sei de nada. Sim, porque é pra isso, em grande parte, que se tem filhos, pra que alguém no mundo acredite, nem que seja por alguns anos, que você sabe alguma coisa. E é por isso, também, que se odeia tanto os adolescentes: não é porque eles acham que os pais são idiotas, mas porque eles perceberam que os pais são idiotas. No caso da minha filha, a queda do mito paterno aconteceu um pouco mais cedo do que eu imaginava, mais precisamente aos três dias de vida.
Minha filha não chorou quando nasceu. Só choramos nós, os pais, emocionados de ter uma filha que não chora. Nasceu sorrindo, vê se pode, dizíamos nós, chorando. Depois chorei outra vez quando ela mamou na mãe, e chorei de novo quando vi os avós vendo a neta, e sendo avós pela primeira vez. Acho que foi ali que ela começou a suspeitar: quem é esse cara chorando o tempo todo? Barbudo, trinta anos na cara, chorando desse jeito? Será que ele tem algum problema?
Nesta crônica, o autor também narra um acontecimento do cotidiano de maneira descritiva e clara.