Na língua portuguesa, regência significa a relação entre uma palavra e seus dependentes. Na regência verbal, essa relação é identificada através do verbo e seu complemento, sendo dividido da seguinte forma:
Verbo = Termo regente
Complemento = Termo regido
O que é regência?
Há verbos e nomes que exigem a presença de outros termos para formar sentido. Essa necessidade em haver ou não um complemento é denominado de regência.
Compreender a regência dos termos é importante para analisar os significados de um verbo, assim como a diferença que a mudança ou a retirada de uma preposição pode causar em uma frase.
Exemplo:
O pai assiste o filho – significa ver, observar.
O pai assiste ao filho – que dizer prestar assistência, ajudar.
Pode-se observar que nesse caso que a oração é totalmente diferente, com relação ao significado, em virtude da preposição “a”. Quando um termo, seja ele verbo ou nome, exige a presença de outro, ele se chama regente. Já os que completam o seu contexto são chamados de regidos.
Exemplo:
Nem todo mundo acredita em disco voador.
Acredita: Verbo = termo regente
Disco voador: termo regido
Apoio à criança com câncer.
Apoio: substantivo = termo regente
Criança com câncer: termo regido
No primeiro exemplo, o termo regido “em disco voador” completa o sentido do verbo acreditar. No segundo caso, a criança com câncer completa o sentido do substantivo apoio.
Observação:
Quando o termo regente é um verbo é considerado regência verbal
Quando o termo regente é um nome, seja ele verbo, adjetivo ou advérbio, ele é considerado regência nominal.
Regência Verbal
A regência verbal analisa a relação do verbo e os complementos. Importante ressaltar que o verbo pode variar de acordo com a transitividade (transitivo direto, transitivo indireto ou intransitivo).
- Verbos Intransitivos: os verbos intransitivos são aqueles em que não há necessidade de complemento para que tenha uma compreensão, pois eles já complementam a informação.
Exemplo: A chuva cai.
- Verbos Transitivos Diretos: os verbos transitivos diretos precisam de um complemento para haver uma compreensão da oração, e este completo se dá através dos objetos diretos. Neste caso, não há utilização de preposição após o verbo. Porém, pronomes oblíquos podem ser usados (o, a, os, as, lo, la, los, las, no, na, nos, nas).
Exemplo: Eu amo-o
- Verbos Transitivos Indiretos: os verbos transitivos indiretos necessitam de preposição entre eles e seus respectivos complementos. Veja alguns exemplos:
– Consistir (sempre empregado com a preposição “em”):
Exemplo: O almoço consiste em macarrão, salada e carne moída.
– Obedecer e desobedecer (os complementos são induzidos pela preposição “a”):
Exemplo: Desobedecemos às regras escolares.
– Responder (outro caso de regência com preposição “a”):
Exemplo: Respondemos à garota de camiseta azul.
– Simpatizar e antipatizar (complemento induzido pela preposição “com”)
Exemplo: Simpatizamos com os novos funcionários imediatamente.
VERBOS
Verbos que permitem objetos diretos e indiretos: em alguns casos, os verbos permitem a utilização tanto de objetos diretos quanto indiretos, sem que haja uma mudança no sentido da frase. Esses verbos são:
- Abdicar;
- Acreditar;
- Almejar;
- Ansiar;
- Anteceder;
- Atender;
- Atentar;
- Cogitar;
- Consentir;
- Deparar;
- Gozar;
- Necessitar;
- Preceder;
- Presidir;
- Renunciar;
- Satisfazer;
- Versar.
Confira alguns exemplos desses verbos incluídos nas orações.
– O rei abdicou o trono / O rei abdicou do trono.
– Não acreditava a força que tinha seu filho. / Não acreditava na força que tinha seu filho.
– Almejamos sucesso na carreira. / Almejamos por sucesso na carreira.
– Anseio respostas imediatas. / Anseio por respostas imediatas.
– Sandro atendeu o telefone. / Sandro atendeu ao telefone.
– Atente-se esta explicação do colega. / Atente-se a esta explicação do colega.
– Cogitamos morar fora do país. / Cogitamos em morar fora do país.
– Os pais consentiram a ida do filho à festa. / Os pais consentiram na ida do filho à festa.
– Armando gozava boa saúde. / Armando gozava de boa saúde.
– Necessitamos algumas horas juntos para matar a saudade. / Necessitamos de algumas horas juntos para matar a saudade.
– O rito precede a mudança de cargo. / O rito precede à mudança de cargo.
– O padre presidiu o encontro de noivos. / O padre presidiu ao encontro de noivos.
– O encontro versou os anos em que estivemos afastados. / O encontro versou sobre os anos em que estivemos afastados.
- Verbos que exigem objetos diretos e indiretos: em alguns casos, obrigatoriamente, os verbos necessitam tanto dos objetivos diretos quanto dos objetos indiretos como complemento. Sendo assim, eles são chamados de verbos transitivos diretos e indiretos.
Alguns deles são:
- Agradecer;
- Perdoar;
- Pagar.
Confira a exemplificação
- Agradecemos ao pastor a doação (ao = preposição; a = artigo).
- Pagamos ao banco a última parcela do financiamento (ao = preposição; a = artigo).
Transitividade e mudança de significado
Já em alguns casos, o verbo muda de significado de acordo com a mudança de transitividade. Confira alguns exemplos:
Agradar
Agradamos o cachorro do vizinho (fizemos agrados).
Agradamos ao cachorro do vizinho (fomos agradáveis ao).
Aspirar
Aspiramos o ar limpo do campo (inspiramos = objeto direto).
Aspiramos ao cargo de supervisor (desejamos = objeto indireto).
Assistir
Assistimos as crianças brincarem (objeto direto = presenciar).
Assistimos às crianças em momentos de necessidade (dar assistência = objeto indireto).
Chamar
Chamamos os funcionários deste setor (convocamos = objeto direto).
Chamamos ao juiz de ladrão (apelidamos = objeto indireto).
Custar
Custou dizer que partiria em breve (foi difícil = objeto direto).
Custou ao pai quinhentos reais a formatura da filha (preço = objeto indireto).
Querer
Quero viajar nas férias. (transitivo direto)
Quero a Amaro como um filho. (transitivo indireto)