O desconto que você conseguiu na sua compra neste Dia do Consumidor tem um culpado claro: John F. Kennedy. Nem todo mundo sabe, mas o 35º presidente da história dos Estados Unidos foi o responsável pela criação da data em questão ainda nos anos 60, embora o seu objetivo não tenha sido exatamente permitir descontos em compras.
No dia 15 de março de 1962, o então presidente dos Estados Unidos foi ao Congresso norte-americano para fazer um discurso, que mais tarde foi considerado histórico. Em suas falas, Kennedy disse que todos nós somos consumidores, e enumerou uma série de direitos que tais consumidores devem possuir em suas compras.
Analistas afirmam que o discurso de Kennedy teria sido o primeiro grande convite à reflexão em relação aos perigos do consumo. Até então, o homem e a mulher que comprava eram vistos apenas como objetos que serviam ao setor do mercado, e que eram medidos apenas em números para entender as variações de vendas.
Há quem diga, por exemplo, que o discurso do ex-presidente dos EUA inspirou a criação de novos modelos de fiscalização do cumprimento dos direitos destes cidadãos que compram. No Brasil, por exemplo, o chamado Código de Defesa do Consumidor foi criado apenas em 1990, alguns anos depois de discurso de Kennedy.
De lá até aqui, o país estabeleceu uma série de regras gerais para os consumidores. Há proteção contra produtos e serviços considerados perigosos e nocivos, contra publicidade enganosa e até mesmo regras de reparação por danos patrimoniais ou morais.
De uma maneira geral, a intenção do discurso de Kennedy foi jogar luz sobre tais direitos e refletir sobre os perigos do consumo desenfreado. Contudo, o fato é que ano após ano, a data vem sendo desvirtuada, e hoje já é vista como uma black friday do primeiro semestre.
Dados oficiais da plataforma Reclame Aqui apontam que o Dia do Consumidor de 2022 foi o terceiro dia do ano que mais registrou reclamações após compras de consumidores. A data só ficou atrás do Natal e da Black Friday.
“Quando o comércio vem usar o 15 de Março para incentivar a venda de produtos, nada disso está sendo levado em conta”, disse Carolina Vesentini, advogada do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), em entrevista à Folha de São Paulo. “É algo totalmente contraditório dizer que, em homenagem ao consumidor, vamos fazê-lo gastar”, afirma.
De todo modo, caso o cidadão decida que vai usar a data para gastar não há grandes problemas. Uma dica importante é atentar para as promoções mais vantajosas e escolher apenas os produtos que tenham o melhor custo-benefício.
Embora o Brasil tenha uma legislação própria para os direitos do consumidor, é importante que o cidadão preste atenção nas compras para não acabar caindo em um golpe. Nestas datas especiais, quadrilhas costumam se aproveitar para fazer mais vítimas.
Mas a principal dica é mesmo atentar para o seu bolso. A ideia é que o cidadão apenas compra aquilo que ele tenha certeza de que vai poder pagar. Não há nada que impeça a compra de produtos, desde que tal compra seja feita com consciência, como disse John Kennedy.