Escolas particulares da educação infantil do Distrito Federal devem entregar, até nesta sexta-feira (19), um protocolo com a proposta de reabertura das unidades ao governador Ibaneis Rocha (MDB).
O documento, ao qual o Correio Braziliense teve acesso, abrange regras de higiene, pedagógicas e jurídicas. Em reunião promovida na última quarta-feira (17) por um grupo de gestores de educação infantil, mais de 120 diretores de escolas particulares desse segmento se demonstraram favoráveis à reabertura das atividades.
“Tivemos uma conversa inicial e todos ficaram contentes. É importante o governo saber que estamos buscando alternativas para voltarmos às atividades. Existe uma boa parte dos pais que precisam trabalhar e não têm com quem deixar os filhos. Ou eles contratam alguém ou perdem o emprego”, disse Laessa França, uma das organizadoras do movimento, à reportagem.
Ajiza Santos, 47 anos, é diretora de uma escola no Lago Sul. Ela conta que, como a instituição fechou, cerca de 60% dos pais trancaram ou cancelaram a matrícula dos filhos. “Os que permanecem com a gente nos cobram uma data de retorno. Esperamos reabrir o mais rápido possível”, conta.
Segundo ela, a gestão tem se preparado, adotando medidas para receber as crianças quando isso for autorizado. Entre as providências estão a instalação de pias na área externa, equipamentos de álcool em gel, fabricação de máscaras e compras de termômetros para aferir a temperatura.
Protocolos de segurança
Entre as medidas a serem adotadas na parte de saúde, de acordo com o documento proposto por donos de escolas particulares de educação infantil, estão a organização da estrutura operacional para que os alunos mantenham uma distância de um metro entre elos; a disponibilização de álcool gel 70% em todos os espaços físicos, especialmente em salas de aula; o uso obrigatório de máscaras; a aferição da temperatura na entrada; além da demarcação dos espaços físicos para auxiliar no distanciamento social.
“Antes de retomarmos, todas as famílias assinarão um termo em que se comprometem a comunicar a escola caso surja algum sintoma da covid-19 na criança ou na família”, destacou Clayton Braga, diretor do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe).
No plano pedagógico, será obrigatório o desenvolvimento de uma proposta de trabalho domiciliar ou remoto para os estudantes do grupo de risco ou àqueles que não se sintam confortáveis e seguros para participarem das atividades educacionais presenciais.
A gestão escolar deverá organizar, ainda, um projeto pedagógico para que as atividades que demandem interação física ocorram sem contato entre os estudantes e, preferencialmente, sem compartilhamento de materiais.
Segundo o presidente da Associação de Pais e Alunos (Aspas-DF), Alexandre Veloso, os responsáveis ainda estão receosos em deixar crianças e adolescentes voltarem às escolas. “Se não tiver a garantia de uma medida rigorosa sanitária, nenhum pai terá a intenção de levar o filho para a instituição”, afirma.
“As crianças do ensino infantil deveriam ser as últimas a voltarem porque é um público em que não tem como ter controle efetivo”, argumenta. Em abril, Ibaneis Rocha havia dito que a retomada das aulas nas escolas do DF deveria começar pelos alunos do ensino médio e, depois, pelas outras séries.