Há pouco menos de seis meses, o governo federal lançava o Desenrola, o programa que prevê a negociação de dívidas de pessoas que estão em situação de inadimplência. Hoje, a avaliação é de que o projeto capitaneado pelo Ministério da Fazenda ajudou os brasileiros a criarem um senso de educação financeira.
Ao menos é o que apontam os dados de uma nova pesquisa divulgada pelo Serasa nesta quarta-feira (10). O levantamento ouviu pessoas endividadas, ou não, que participaram do sistema do Desenrola nos últimos meses. Os resultados fizeram o Ministério da Fazenda comemorar.
Os números da pesquisa
De acordo com o levantamento, sete em cada dez entrevistados disseram que a organização financeira vai fazer parte dos seus hábitos de compra em todo este ano de 2024, ou seja, a maioria afirma que vai fazer o possível para não voltar a se endividar.
Quando se considera apenas as pessoas que aderiram ao Desenrola e conseguiram limpar o nome, a pesquisa indica que 84% poderão manter as contas em dia ao longo do ano de 2024.
Entre os que estão adimplentes, sabe-se que 30% planejam realizar investimentos com o dinheiro que foi economizado após o pagamento da dívida. Outros grupos também citaram com frequência que desejam usar a quantia para cuidar da saúde, viajar ou até mesmo iniciar um empreendimento.
O Serasa ouviu 4.471 pessoas no último mês de dezembro.
Desenrola foi prorrogado
O programa Desenrola foi oficialmente prorrogado até março de 2024. A decisão, que já havia sido anunciada pelo Ministério da Fazenda, foi confirmada no último dia 12 de dezembro, em publicação no Diário Oficial da União (DOU). A medida foi assinada pelo presidente Lula.
Segundo a publicação, o Desenrola, que chegaria ao fim no final do ano de 2023, agora deve seguir pelo menos até o dia 31 de março de 2024. Assim, cidadãos que estão em situação de inadimplência terão um tempo maior para renegociar as suas dívidas junto aos credores.
Outro ponto que também ficou definido na publicação, é a alteração nas regras de acesso ao Desenrola. Até aqui, para realizar uma negociação, o cidadão precisava ter uma conta nível prata ou ouro no sistema gov.br. A partir de agora, a lógica é a seguinte:
- contas de nível ouro ou prata podem fazer a renegociação para pagamento à vista ou parcelado;
- contas de nível bronze podem acessar a plataforma de renegociação apenas para o pagamento da dívida à vista.
Baixa procura no Desenrola
Quase seis meses depois do lançamento, o projeto de negociação de dívidas está travado, e muita gente que tem direito não procurou a negociação ainda.
De acordo com o Ministério da Fazenda, atualmente o Desenrola atende pessoas que possuem uma renda per capita de até dois salários mínimos, e que possuem dívidas ativas de até R$ 5 mil. Mais de 32 milhões de brasileiros se encaixam nestas regras, mas até aqui apenas 11 milhões buscaram ajuda.
O governo federal ainda está tentando entender o motivo. Mas o que se fala nos corredores do Palácio do Planalto é que provavelmente o problema é a comunicação, que não estaria chegando em boa parte dos inadimplentes.
“Desses 72 milhões (de endividados), só apareceram 10 milhões de pessoas pra fazer a renegociação. E desses 10 milhões,8,7 milhões (negociaram dívidas) de até R$ 100. Então, companheiro Paulo Câmara (presidente do Banco do Nordeste), cadê os devedores que não apareceram? Fazendo negociação de até 90% de desconto?”, disse o presidente Lula.
Nesta semana, uma pesquisa do instituto Locomotiva ajudou a clarear um pouco mais este argumento. O levantamento entrevistou endividados que se encaixam nas regras de entrada do Desenrola. Os cidadãos foram perguntados sobre o programa, e estes foram alguns resultados:
- 59% conhecem o Desenrola, mas só de ouvir falar;
- 57% disseram que não sabem se as suas dívidas se encaixam no sistema do Desenrola;
- 15% afirmaram que as suas dívidas não podem ser negociadas pelo Desenrola;
- 28% afirmaram que conseguiram quitar as dívidas através do Desenrola.