O Brasil registrou 36,7 milhões de trabalhadores do setor privado com a carteira assinada no primeiro trimestre de 2023. O número ficou estável na comparação com o trimestre anterior, mas cresceu 5,2% em relação aos três primeiros meses de 2022 (acréscimo de 1,8 milhão de pessoas).
Isso quer dizer que 74,1% dos trabalhadores do setor privado tinham a carteira assinada no Brasil. Em outras palavras, quase três em cada quatro empregados do setor estavam em regime formal de contratação, seguindo a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
O resultado é bastante positivo e completamente diferente do observado nos últimos anos. Em resumo, a pandemia da covid-19 provocou a perda de milhões de empregos em todo o mundo, inclusive no Brasil. A saber, as maiores perdas do mercado de trabalho aconteceram em 2020, com muitos trabalhadores se vendo obrigados a irem para a informalidade.
No entanto, houve uma reversão desse cenário em 2021 e isso se consolidou em 2022, com o mercado de trabalho brasileiro ganhando mais força. Agora, nos primeiros meses deste ano, a trajetória mudou novamente de rumo e o desemprego voltou a subir no Brasil. Contudo, os pesquisadores afirmam que esse movimento é sazonal, ou seja, normal para o período.
A propósito, todos estes dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgada nesta semana.
Menores proporções de trabalhadores formais
De acordo com o IBGE, 18 das 27 Unidades da Federação (UFs) tiveram proporções de trabalhadores informais menores que a média nacional no primeiro trimestre de 2023.
Dessa forma, as taxas de trabalhadores do setor privado com carteira assinada superaram levemente os 50% em alguns estados. Isso significa que pouco mais da metade dos trabalhadores privados destes locais exerciam suas atividades formalmente.
Veja abaixo os estados com as menores proporções de trabalhadores formais do país:
- Maranhão: 50,8%;
- Pará: 51,2%;
- Piauí: 51,7%;
- Tocantins: 53,5%;
- Sergipe: 56,5%;
- Ceará: 56,9%;
- Bahia: 57,4%;
- Paraíba: 58,6%.
Em suma, esses dados se referem ao percentual de pessoas que possuem 14 anos ou mais de idade e que estavam empregadas no setor privado no primeiro trimestre de 2023 no Brasil.
Entre janeiro e março, o Maranhão teve o menor percentual de trabalhadores formais no setor privado. Entretanto, vale destacar que o estado apresentou uma melhora em seus números, visto que, no quarto trimestre de 2022, o percentual foi de 48,3%.
Outros dez estados tiveram taxas abaixo da média nacional: Roraima (60,2%), Alagoas (61,9%), Amazonas (63,9%), Rio Grande do Norte (64,2%), Pernambuco (67,6%), Acre (67,9%), Amapá (69,8%), Rondônia (72,4%), Goiás (73,4%) e Espírito Santo (74,1%).
Santa Catarina tem maior percentual do país
A PNAD também revelou a outra parte do ranking, com dados mais favoráveis. Em síntese, Santa Catarina apresentou o maior percentual de trabalhadores do setor privado com a carteira de trabalho assinada. Inclusive, o estado sulista vem mantendo essa posição há anos.
A saber, apenas nove UFs tiveram taxas superiores à média nacional. Veja abaixo os maiores percentuais de trabalhadores com carteira assinada no setor privado no primeiro trimestre de 2023:
- Santa Catarina: 88,2%;
- Rio Grande do Sul: 82,2%;
- São Paulo: 81,1%;
- Paraná: 80,4%;
- Mato Grosso: 79,0%;
- Distrito Federal: 78,1%;
- Rio de Janeiro: 77,8%;
- Mato Grosso do Sul: 76,4%;
- Minas Gerais: 75,6%.
Os dados citados mostram que as maiores taxas foram observadas na região Sul. Em seguida, ficaram UFs do Sudeste e do Centro-Oeste, enquanto os estados do Nordeste e do Norte tiveram os menores percentuais do país.
Cabe salientar que o mercado de trabalho vem mostrando uma forte recuperação em 2023, após iniciar o ano com dados bem preocupantes. Em março, o Brasil criou 195 mil postos formais de trabalho, taxa quase duas vezes maior que a registrada no mesmo período de 2022.
O grande destaque em março foi o setor de serviços, que liderou a criação de empregos no país, respondendo por 62,7% das vagas geradas. Em resumo, o setor é considerado o maior empregador do país e responde por cerca de 70% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
Entenda a PNAD Contínua
Segundo o IBGE, a PNAD Contínua acompanha as variações trimestrais e a evolução da força de trabalho no Brasil. A saber, isso acontece em médio e longo prazo através de coleta, em âmbito nacional, de informações necessárias para o estudo do desenvolvimento socioeconômico do país.
Em suma, a implantação da PNAD Contínua aconteceu em outubro de 2011, alcançando o caráter definitivo em janeiro de 2012. A PNAD também divulga informações mensais e anuais, além das trimestrais, sobre força de trabalho no país e desemprego, entre outros pontos.
E os analistas do mercado ficam atentos a esses dados para traçarem possíveis resultados futuros relacionados ao mercado de trabalho brasileiro.