Você lembra do apagão que assolou o país no último dia 15 de agosto deste ano? Desde aquele momento, autoridades do setor da energia elétrica começaram a investigar as causas do ocorrido, mas mais de um mês de depois do incidente, nenhuma razão concreta foi explicada para a população brasileira. Até agora.
Nesta terça-feira (26), o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) publicou uma minuta do Relatório de Análise de Perturbação (RAP), que foi encaminhada já na segunda-feira (25) para agentes do setor elétrico no Brasil. Este documento revela o real motivo para o apagão do último mês de agosto. A versão final deste documento, no entanto, ainda deverá ser entregue até o dia 17 de outubro.
O motivo
De acordo com a ONS, o apagão teria sido causado por uma falha técnica em equipamentos de controle de tensão no último dia 15 de agosto. Esta falha teria sido responsável pelo fornecimento de energia elétrica em praticamente todo o país. O problema no desempenho teria ocorrido nos equipamentos de usinas solares e eólicas.
A partir desta falha, os equipamentos teriam causado uma espécie de efeito dominó, ou seja, uma série de outras linhas de transmissão começaram a serem desligadas em todo o país.
Assim como já tinha sido adiantado, o problema maior ocorreu na linha de transmissão Quixadá-Fortaleza II, no Ceará. Naquela área, a performance dos equipamentos de diversos parques eólicos e fotovoltaicos ficaram aquém do esperado.
“Esses dispositivos (equipamentos de controle de tensão) das usinas deveriam compensar automaticamente a queda de tensão decorrente da abertura da linha de transmissão. Porém, o desempenho no momento da ocorrência ficou aquém do previsto nos modelos matemáticos fornecidos pelos agentes e testados em simulações pelo ONS”, explicou o operador.
O motivo da demora
Mas por que o ONS demorou tanto tempo para descobrir a razão do apagão? De acordo com o operador, a diferença nos dados fornecidos, em um primeiro momento, dificultou a identificação prévia do sistema de Proteção de Perda do Sincronismo (PPS). Trata-se de uma forma de proteger o sistema de possíveis falhas.
Providências urgentes após apagão
No mesmo relatório apresentado, o ONS pede providências para que casos como este não voltem a acontecer no Brasil. São centenas de dicas para melhorar a situação do sistema interligado do país. Tais medidas devem ser adotadas por diferentes agentes do setor, incluindo o próprio ONS, além de geradores eólicos e fotovoltaicos.
Veja abaixo algumas das ações que estão sendo indicadas:
- ajustes em proteções;
- questões relacionadas à comunicação com os agentes no momento da recomposição de fornecimento de energia;
- validação dos modelos matemáticos de todos os geradores eólicos e fotovoltaicos.
Vale frisar que algumas medidas já estão sendo tomadas pelo ONS desde o apagão do último dia 15 de agosto. Entre outras coisas, o operador já começou a trabalhar com novos limites de intercâmbios de energia entre as diferentes regiões do país. Além disso, eles também estão atuando com medidas operativas na região Nordeste.
“(O relatório) será fundamental para o aprimoramento do planejamento, da operação, da regulamentação e da integração de novos projetos. São inúmeras as contribuições que traremos para o setor elétrico brasileiro e que também pode servir de parâmetro para outros operadores no mundo. A instituição considerou que as descobertas a partir do apagão de agosto representam uma “mudança de paradigma” para o setor elétrico brasileiro”, disse o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi,
O apagão
O apagão em questão atingiu 25 estados e o Distrito Federal, ou seja, 26 das 27 unidades da federação. Apenas Roraima não teve registro de queda de energia no último dia 15 de agosto. Isso ocorreu porque este estado é o único que não faz parte do Sistema Interligado Nacional (SIN).