A onda de calor que vem atingindo o Brasil está mudando os hábitos da população. Nos dois últimos dias, a demanda por energia elétrica bateu recorde no país, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Para fugir do calor, os brasileiros estão utilizando cada vez mais a energia elétrica. Uma das principais saídas escolhidas pela população é o ar-condicionado, que mantém o ambiente fresco e resfriado.
De acordo com o ONS, a demanda de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN) chegou a aproximadamente 101,5 GW (gigawatts) por volta das 14h20 da terça-feira (14). No dia anterior, houve o registro de demanda de 100,9 GW, recorde até então, por volta das 14h17.
Quando o novo recorde foi registrado, de 101,5 GW, a demanda estava sendo atendida através das seguintes fontes:
- Hidrelétricas: 59,8%;
- Térmica: 11,5%;
- Solar gerada por consumidores: 11,2%;
- Eólica: 9,5%;
- Solar centralizada: 8,4%.
Antes destas duas ocasiões, a demanda por energia do SIN nunca havia superado os 100 GW no país. Aliás, o recorde anterior havia sido observado no dia 26 de setembro, quando a população consumiu 97,66 GW.
Brasil tem capacidade de atender demanda?
Como o calor está muito grande no Brasil, a população tenta de todas as maneiras criar um lugar mais agradável, e isso só tem sido alcançado, principalmente, com o uso de ar-condicionado ou ventilador.
Por isso, muitas pessoas se mostraram preocupadas com a demanda do SIN, questionando se o país terá condições de suprir essa demanda. De acordo com o ONS, o sistema está preparado para atender o consumo de energia elétrica no país.
“O SIN é robusto, seguro, possui ampla diversidade de fontes e está preparado para atender às demandas de carga e potência da sociedade brasileira“, afirmou o ONS.
Cabe salientar que a demanda por energia disparou 16,8% no Brasil desde o início de novembro. Em suma, os primeiros dias do penúltimo mês de 2023 estava com uma demanda de 86,8 GW, mas o número chegou a 101,5 GW na terça-feira (14).
Massa de ar quente eleva temperatura no Brasil
O consumo recorde de energia elétrica no Brasil está acontecendo por causa de uma massa de ar quente que vem cobrindo parte do país. Com isso, as temperaturas vêm ficando acima do normal, dificultando a vida das pessoas, que veem na energia elétrica uma forma de acabar com o calor e o desgaste que as temperaturas elevadas causam.
“A principal razão para este comportamento da carga é a significativa elevação de temperatura verificada em grande parte do Brasil“, informou o ONS na terça-feira (14).
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta na segunda-feira (13) sobre a onda de calor. O alerta de “grande perigo” se direcionou a 15 estados e ao Distrito Federal e vale até a sexta-feira (17). Nestes locais, as temperaturas deverão ficar acima da média.
Os moradores dos extremos Norte e Sul do país estão conseguindo escapar dessa onda de calor, que vem afetando principalmente o centro do país, principalmente o Sudeste e o Centro-Oeste.
A propósito, as ondas de calor são comuns nessa época do ano, durante o período de transição entre a primavera e o verão. Contudo, o fenômeno climático El Niño e o aquecimento global vêm piorando a situação, aumentando ainda mais as temperaturas.
Brasileiros vão pagar caro pela energia elétrica em 2024
Na terça-feira (14), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) propôs um orçamento de aproximadamente R$ 37,2 bilhões para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) em 2024. Esse é o maior orçamento da CDE dos últimos 11 anos.
Caso haja aprovação do valor, os brasileiros terão que pagar mais do que nunca na conta de energia. Em resumo, 88% do valor será pago pelos consumidores do país no ano que vem, através de dois encargos incluídos nas contas de luz. No total, os brasileiros deverão pagar R$ 32,7 bilhões do orçamento da CDE.
Vale destacar que a conta de luz é muito cara no Brasil porque os consumidores não pagam apenas valores relacionados à geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, mas também precisam custear:
- Impostos;
- Subsídios;
- Taxas que custeiam políticas públicas;
- Ineficiências do setor elétrico.
Em síntese, tudo isso encarece a conta de luz, que acaba pesando no bolso de milhares de famílias no país. Por isso, nesse momento de muito calor, as famílias também precisam ficar atentas para não gastar muita energia e ter uma péssima surpresa quando chegar a conta.