A população brasileira continua sofrendo com dívidas e contas atrasadas. Em fevereiro de 2023, o endividamento atingiu 78,3% das famílias do país, o que representa uma leve alta em relação a janeiro (78,0%). Aliás, o número cresceu após duas quedas seguidas.
Em 2022, o Brasil fechou o ano com o maior percentual de endividados já registrado pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). Em outras palavras, a situação financeira das famílias do nunca se mostrou tão crítica quanto no ano passado.
De acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), responsável pela Peic, o endividamento perdeu força no país nos últimos meses. Contudo, o patamar segue muito elevado, refletindo as dificuldades dos brasileiros em honrar os seus compromissos.
Confira abaixo as taxas de endividamento dos brasileiros nos últimos cinco meses:
- Outubro de 2022: 79,3%
- Novembro de 2022: 79,2%
- Dezembro de 2022: 78,1%
- Janeiro de 2023: 78,0%
- Fevereiro de 2023: 78,3%
Vale destacar que o percentual de endividamento cresceu fortemente no Brasil em 2021, refletindo o impacto da pandemia da covid-19,e a trajetória continuou subindo em 2022.
O cenário desafiador em que o país se encontrava, com a inflação elevada, pressionou o Banco Central (BC) a aumentar os juros no país, reduzindo o poder de compra do consumidor.
Entre março de 2021 e agosto de 2022, o BC elevou 12 vezes consecutivas a taxa básica de juro da economia, a Selic. Com isso, a taxa chegou a 13,75% ao ano, maior percentual desde novembro 2016.
Inclusive, a inflação elevada fez os brasileiros aumentarem seu endividamento, uma vez que o mercado de trabalho ainda se recuperava dos impactos da pandemia e a renda familiar estava enfraquecida.
Endividamento é maior entre os maios pobres
Segundo a Peic, os consumidores que tiveram as maiores taxas de endividamento em fevereiro foram os de renda mais baixa. Por outro lado, os consumidores com o rendimento mais elevado tiveram percentuais um pouco menores no mês.
Confira abaixo os percentuais de endividamento por faixa de renda em janeiro:
- Renda de 0 a 3 salários mínimos: 79,2%
- Renda de 3 a 5 salários mínimos: 79,4%
- Renda de 5 a 10 salários mínimos: 77,6%
- Renda superior a 10 salários mínimos: 74,6%
Vale destacar que em janeiro do ano passado a primeira faixa de renda (de 0 a 3 salários mínimos) teve o maior percentual de endividados do país (79,2%), superando a taxa da segunda faixa de renda (de 3 a 5 salários mínimos), que ficou em 78,8%
Aliás, esses dados são uma novidade da Peic, que começou a apresentar novos recortes em 2023. Dentre as novidades, a CNC revelou que as mulheres impulsionaram o endividamento no país em fevereiro.
Em síntese, 79,5% do público feminino estava endividado no segundo mês de 2023, ficando 1,1 ponto percentual (p.p.) acima da taxa de janeiro. Em contrapartida, a proporção entre os homens caiu 0,1 p.p. no mês, para 77,2%. Esses resultados afastaram ainda mais o percentual de endividamento entre os gêneros.
Nos últimos 12 meses, as mulheres apresentaram taxas de endividamento maiores que os homens em todos os meses. A propósito, foi em julho do ano passado que os percentuais entre os gêneros ficaram mais próximos, com 78,8% das mulheres endividadas no país, enquanto a taxa entre os homens ficou em 77,5%.
Inadimplência continua muito elevada
Assim como o endividamento, o número de famílias inadimplentes também se manteve em nível bastante elevado em fevereiro. De acordo com a Peic, três em cada dez famílias estava com dívidas atrasadas no país.
A saber, a taxa passou de 29,9%, em janeiro, para 29,8%, em fevereiro. Embora tenha recuado levemente no mês, a taxa superou em 2,8 p.p. o número registrado em fevereiro de 2022, quando as dívidas atrasadas chegaram a 27,0%.
Em resumo, a pessoa inadimplente é aquela que possui dívidas ou contas em atraso. A propósito, há alguns fatores que propiciam o aumento da inadimplência entre os consumidores, como manter mais de um cartão de crédito e não se atentar à própria saúde financeira e às datas de pagamento das contas.
A Peic ainda revelou que 11,6% das pessoas não terão condições de pagar as dívidas que têm em atraso. Esse percentual se manteve estável em relação ao mês anterior, mas subiu 1,1 p.p. na comparação com fevereiro do ano passado (10,5%), refletindo o aumento das dificuldades financeiras dos brasileiros no último ano.
Por isso, para fugir do endividamento e da inadimplência, e não se aumentar os números de pesquisas semelhantes à Peic, fique atento à sua situação financeira e faça dívidas apenas se houver necessidade.