Nesta ano, os brasileiros que gostam de aproveitar a Páscoa, consumindo itens tradicionais à data, receberam uma triste notícia. Isso porque a inflação dos itens mais consumidos na celebração disparou 12%, em média, na comparação com 2022.
A variação ficou três vezes maior que a taxa acumulada nos 12 meses anteriores (3,93%). Isso quer dizer que os consumidores irão gastar bem mais para comprar os itens tradicionais da Páscoa em 2023 do que o fizeram no ano passado.
Em resumo, a forte aceleração ocorreu, principalmente, devido a problemas climáticos que afetaram a produção de diversos itens no Brasil. Outros itens também ficaram mais caros no período, pressionando o rendimento da população.
Em outras palavras, as famílias do país terão que encontrar maneiras de driblar os preços elevados para celebrar a Páscoa como em 2022. Aliás, confira abaixo os itens que tiveram as maiores altas acumuladas nos últimos 12 meses:
O período pascal é marcado, principalmente, pela entrega de chocolate. As pessoas gostam de presentear familiares e amigos com bombons, caixas e ovos de chocolate, mas o sabor pode ser bastante amargo para algumas pessoas. Isso porque o chocolate ficou 9,65% mais caro que em 2022.
Embora o avanço tenha sido expressivo, superando a variação do Índice de Preços ao Consumidor (IPC-S), a alta foi menor que a de diversos itens. Inclusive, o IPC-S se refere à inflação geral, ou seja, engloba diversos itens, não apenas os da Páscoa. A propósito, o indicador subiu 4,81% no período, taxa mais de duas vezes menor que a inflação da Páscoa.
O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), responsável pelo levantamento, divulgou os resultados no dia 03 de abril.
Os consumidores do país já estão sofrendo com os preços mais elevados que em 2022. No entanto, como diz o ditado, nada está tão ruim que não possa piorar. A expectativa é que a situação fique ainda mais complicada para os brasileiros que querem celebrar a Páscoa em 2023.
Em suma, especialistas alertam a população sobre os altos preços praticados na Semana da Páscoa. Como a demanda cresce expressivamente nos dias que antecedem a data, o valor dos produtos também tende a subir, e de maneira expressiva.
De acordo com o economista e pesquisador do FGV Ibre, Matheus Peçanha, os consumidores precisam pesquisar antes de comprar. Nesta semana, muitos comerciantes podem aproveitar para elevar os preços por causa da alta procura, e o consumidor pode sair prejudicado nas compras.
“A pesquisa não mostra, em definitivo, a elevação dos itens de Páscoa que o consumidor vai encontrar. Só medimos o que aconteceu com os preços dessa cesta específica nos últimos 12 meses, até março deste ano”, explicou.
“Por exemplo, além do aumento já registrado de 5,18% do pescado fresco e 10,91% do bacalhau, os preços desses itens tradicionais podem subir mais ainda, dada a pressão sazonal da demanda às vésperas da Páscoa”, acrescentou o economista.
“Além disso, itens não contemplados no escopo do IPC, como os ovos de Páscoa e colombas pascais, devem sofrer igualmente com essa pressão de demanda pela tradição”, lembrou Peçanha.
Especialistas explicam que a melhor maneira de encontrar preços mais acessíveis é pesquisando. Antes de ir às compras, é importante fazer uma consulta sobre os valores dos produtos e das marcas. Assim, o consumidor terá uma ideia de quanto está custando, em média, o item desejado, e pode escolher o mais barato.
O pesquisador Matheus Peçanha também revelou que os altos preços registrados nos últimos 12 meses não são limitados a esse período. Segundo ele, a situação ficou mais difícil nos últimos anos, pressionando a renda dos brasileiros.
“Desde 2020 até o terceiro trimestre do ano passado, vivemos um período de pressão sufocante de custos: problemas climáticos, forte desvalorização cambial, problemas energéticos, logísticos, entre outros, afetaram a oferta de vários alimentos no país”, disse Peçanha.
Aliás, ele citou a entressafra do leite, no inverno de 2022, que impulsionou fortemente os seus preços no país. Dessa forma, a inflação do item foi uma das que mais subiu no período, encarecendo também outros itens que o utilizam como matéria-prima.
“A partir do último trimestre de 2022, os custos começaram a desacelerar: o clima melhorou junto com a produtividade do campo, os preços das commodities despencaram, mas quando olhamos o acumulado dos 12 meses, percebe-se que ainda não foi o suficiente para compensar o cenário anterior, além de alguns problemas esporádicos de oferta, como é o caso da cebola e dos ovos”, disse.