A pandemia da Covid-19 amarga mais uma triste consequência: o aumento de golpes financeiros, a maioria utilizando meios digitais. No ano passado, somente entre Fevereiro e Março, foi registrado um aumento de 44% dos ataques em formato “phishing”, segundo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos).
Segundo Adriano Volpini, diretor da Comissão Executiva de Prevenção a Fraudes da Febraban, 80% dos golpes se aproveitam de uma situação do momento, conferem à mensagem um caráter de emergência, para levar quem está na outra ponta a clicar em um link malicioso, que pode roubar seus dados de contas bancarias ou cartão de credito. “Eles exploram, por exemplo, o medo de perder acesso à conta, de ir à agência ou de perder benefícios fazendo com que as pessoas se esqueçam de cuidados básicos. A orientação é: pare, olhe com atenção e desconfie. Entre no site do banco ou fale com o gerente”, alertou ele para o jornal O Globo.
Confirmação de dados para o “banco”
“O seu nome vai ficar sujo! Clique aqui!”
“Você tem 24 horas antes que sua conta seja bloqueada!”
O banco não pede confirmação de dados por mensagens no whatsapp, e-mail, ou por telefone.
Fique atento aos links suspeitos com chamadas sensacionalistas.
Não forneça números de CFP, conta bancaria ou código de cartão para quem solicita por estes meios.
A única situação em que isso acontece é quando você mesmo liga para o seu banco solicitando serviços ou informações. ai, o atendente confirma alguns dados para sua própria segurança.
Golpe do “phishing” (pescaria digital)
“Última chance para pegar seu prêmio! Clique aqui!”
E o link em que você clica captura seus dados. Ás vezes, os criminosos recriam um site idêntico ao do e-commerce, do banco, ou outro marketplace que você costuma frequentar.
Como se prevenir? Tenha em mente que os golpistas podem recriar o site, mas não o endereço original. Portanto, pesquise o nome correto da loja online ou banco que usa. Faça transações somente no ambiente virtual seguro.
Golpe do “delivery”
Logo após você pedir algo por delivery, o golpista liga dizendo que houve um problema com o seu pagamento efetuado no aplicativo, e você precisa informar um código que foi enviado ao seu celular. Para ter acesso ao código, você precisa clicar em um link. Assim conseguem clonar seu whatsapp, e depois disso, enviam mensagem aos seus parentes e amigos solicitando dinheiro, se passando por você.
Golpe do “motoboy”
O golpista liga e, se passando pelo seu banco, afirma que seu cartão foi clonado. Pede para que você quebre seu cartão ao meio, entregue a um motoboy que está indo à sua casa, e digite a senha dele direto no telefone.
Mesmo com o cartão quebrado, o chip continua intacto, e é usado pelos golpistas para efetuarem compras em seu nome.
Saiba que, quando o banco tem dúvidas se o seu cartão foi clonado, ele pergunta se você fez esta ou aquela compra, no tal estabelecimento, ou qual foi sua ultima compra. Os bancos tem acesso ao seu histórico de uso do cartão, e em caso de suspeita, procuram fazer este tipo de perguntas diretamente ao cliente.
Golpes envolvendo o Pix
O golpista age como se estivesse ensinando um truque secreto para conseguir dinheiro fácil. Ele cria uma chave qualquer e faz um credito por Pix de, por exemplo, R$ 1.000,00, e afirma que em sua conta vão cair R$ 2.000,00.
Para conseguir isso, ele combina com um comparsa para depositar, ao mesmo tempo, mais R$ 1.000,00 na mesma chave. Mostra para a pessoa os comprovantes, através de fotos ou vídeos, enviados por aplicativo de mensagens. E afirma para a vítima que todo o valor que direcionar para esta chave, será creditado em dobro.
Carlos Eduardo Brandt, Gestor do Pix junto ao Banco Central, trabalhou no desenvolvimento e implementação deste novo meio de pagamento disponível à pouco tempo no país. Ele fala a respeitos dos golpes: “O criminoso sempre vai operar com duas emoções principais da vítima: medo e ganância. Nossa recomendação é, diante de ofertas muito generosas, parar e pensar, não agir por impulso.”
Ele acrescenta: “Quando algum conhecido lhe solicita dinheiro, procure confirmar com ele. Faca o mesmo quando for alguma solicitação bancaria, entre no ambiente virtual seguro de seu banco e procure confirmações do que lhe foi passado por telefone”.
O que fazer se acabei de cair em um golpe no Pix?
O primeiro passo, e o principal de todos, é acionar a polícia e registrar ocorrência. Esse passo é importante para cruzar informações e poderá ser primordial para a identificação do golpista.
Logo após, se o golpe for por meio do Pix, entre em contato com o banco. O Pix conta com uma base de dados chamada de marcador anti-fraude. Com a informação da chave que foi utilizada para o golpe, o banco central consegue rastrear o CPF atrelado à chave, gerando uma informação que vai para a base de dados de todos os bancos. Assim, quando houver uma nova tentativa de golpe utilizando aquela chave, as instituições financeiras recebem um aviso e poderão rejeitar a operação.
É possível recuperar o dinheiro?
Quando o Pix é utilizado para um golpe, ficam envolvidos dois bancos: o da vitima e do golpista. O banco da vitima, infelizmente, não tem meios para impedir que o cliente efetue a transação ao banco do criminoso, e cumpriu sua função licitamente. É preciso identificar qual foi o banco utilizado pelo golpista e informar do ocorrido. Deste modo, o banco poderá tentar bloquear e devolver o valor.
Além do marcador anti-fraude, o Pix esta desenvolvendo um mecanismo de devolução de recursos, para facilitar este fluxo de comunicação entre os bancos envolvidos. Por este meio, lesada vai reclamar para a seu banco, e assim ele automaticamente entra em contato com o banco do golpista, e quando comprovado o que ocorreu, os recursos serão devolvidos para o cliente que sofreu o golpe.
E se cadastraram uma chave com meus dados?
Ao descobrir que associaram uma chave ao seu nome ou dados, procure imediatamente a instituição bancaria. Existe um procedimento bancário chamado reivindicação de posse. Ele é feito diretamente pelo banco e confirmado por você em seu celular. Assim, você consegue recuperar uma chave que estava sendo usada por outros.