Se depender do líder dos caminhoneiros, o país não entrará em uma nova greve nas próximas semanas. Em entrevista para o jornal Folha de São Paulo, Wallace Landim (mais conhecido como Chorão) disse que uma nova paralisação poderia afetar a economia do país e rechaçou comparação com a paralisação de 2018: “outro momento”.
Landim é o atual presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (ABRAVA). Ele foi um dos líderes da paralisação dos caminhoneiros, que aconteceu ainda em 2018. Na ocasião, Michel Temer (MDB) era o presidente do país. A paralisação começou a se formar também devido ao aumento nos preços do diesel.
O mesmo aumento está sendo observado neste momento. No início da última semana, a Petrobras anunciou mais uma elevação nos preços do combustível, que por hora, não atinge os preços da gasolina e do botijão de gás, mas apenas do diesel. De qualquer forma, vários caminhoneiros criticaram a nova decisão.
“Fazer uma grande paralisação nesse momento pode atrapalhar recuperação econômica do Brasil, que ainda é muito tímida. Os caminheiros brasileiros apoiam o bem-estar da sociedade”, afirmou Landim. “São necessárias ações inteligentes para não prejudicarmos os mais vulneráveis e a classe média”, seguiu ele na entrevista.
“Aqui, cabe uma crítica especial à ANP (Agência Nacional de Petróleo) que, como Agência Reguladora, está sendo omissa com a sociedade, vez que a função precípua de um órgão regulador é proteger o cidadão de externalidades negativas e condutas oportunistas e criminosas. O que a ANP tem feito? A resposta é: absolutamente nada”, completou ele.
Embora o líder dos caminhoneiros diga que não há chance de realização de nova greve, outras vozes apontam para uma direção contrária. O presidente da Frente Parlamentar Mista dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas, deputado federal Nereu Crispim (PSL-RS) criticou o presidente Bolsonaro.
“Presidente foi eleito há três anos e meio, está a quase no final do mandato. A Petrobras é empresa pública e tem função constitucional, a responsabilidade é do presidente”, disse o parlamentar durante reunião na Câmara dos Deputados.
Neste sentido, ele não descartou que uma paralisação dos caminhoneiros aconteça. Vale lembrar que o Sindicato dos Transportes Rodoviários Autônomos do estado do Espírito Santo (SINDICAM-ES) foi o único a anunciar uma greve até aqui.
Nesta terça-feira (17), o presidente Jair Bolsonaro decidiu agir para tentar diminuir as críticas. O chefe de estado editou uma Medida Provisória (MP) que trata da lei da tabela do frete pago para as transportadoras de carga.
A tabela do frete é aquela que serve de referência para que os caminhoneiros saibam quais são os valores mínimos para o transporte de carga. Ela considera a remuneração do motorista e as despesas com o combustível, por exemplo.
Até aqui, a regra previa a revisão semestral do valor do combustível que foi considerado na tabela. Com a mudança, a revisão extraordinária é realizada sempre que se identifica um aumento igual ou superior a 5% do patamar do diesel.