O dólar fechou o terceiro pregão consecutivo em queda, influenciado, principalmente, pelas notícias vindas do exterior. Os investidores repercutiram preocupações vindas dos Estados Unidos, mas aumento do otimismo em relação à China. Já no âmbito doméstico, os analistas ficaram atentos aos dados mais recentes do comércio varejista.
Na sessão desta sexta-feira (15), o dólar caiu 0,03% e fechou a semana cotado a R$ 4,8706. Esse é o menor patamar da moeda norte-americana desde 30 de agosto, quando a divisa fechou o pregão cotada a R$ 4,8687, ou seja, em mais de duas semanas.
Com o acréscimo deste resultado, o dólar intensificou a queda acumulada em setembro, que chegou a -1,60%. Já em 2023, o dólar tem uma queda ainda mais expressiva, de 7,72%.
O tombo acumulado em 2023 chegou a 11% em julho. No entanto, a divisa fechou o mês de agosto com ganhos de 4,68% e eliminou parte significativa da queda observada nos meses anteriores.
Ainda não há definição sobre o desempenho do dólar em setembro. Em suma, alguns investidores acreditam que a moeda americana deverá recuar, influenciada pela melhora econômica do Brasil. Contudo, outros analistas acreditam em mais um mês de avanço da divisa, pressionada pelas preocupações internacionais com a inflação.
De todo modo, até agora, as quedas vêm dominando os pregões deste mês. Aliás, nesta sexta-feira (15), o otimismo vindo do exterior mostrou novamente sua força e o dólar caiu na sessão. Confira abaixo os destaques do dia:
Os dados relacionados a juros e inflação sempre impactam de maneira significativa a cotação do dólar, pois são indicadores que exercem grande influência na economia dos países. Nesta sexta-feira (15), dados da China repercutiram entre os investidores, aumentando o otimismo vindo do exterior.
Em suma, a produção industrial da China cresceu 4,5% em agosto, acima das projeções do mercado, que indicavam uma alta de 4,1% no mês. O avanço representa aceleração do crescimento industrial do país, uma vez que a alta em julho foi de 3,7%.
Além disso, o comércio do país cresceu 4,6% no mês passado, taxa bem mais expressiva que as projeções de analistas (3,5%). O resultado também indica aceleração em relação aos dados de julho, quando as vendas do comércio cresceram 2,5%.
Todos esses dados trazem alívio para os investidores, já que a China é a segunda maior economia do planeta. Em síntese, dados positivos do gigante asiático tendem a impactar diversos outros países. Assim, quanto melhores esses dados forem, maiores as chances de vários outros países se beneficiarem.
Cabe salientar que, na véspera (14), o banco central chinês sinalizou que deverá reduzir a quantidade de dinheiro que os bancos mantêm em reserva. Caso isso realmente se confirme, será a segunda vez em 2023 que haverá uma redução dessa quantidade.
Essa decisão beneficia a atividade econômica da China, uma vez que aumenta a liquidez no país. Quanto maior for a circulação de dinheiro na economia, mais forte tende a ser a sua recuperação.
Hoje, os investidores repercutiram o início de uma greve simultânea em três grandes montadoras dos Estados Unidos. Existe muita preocupação em torno dessas paralisações, pois podem provocar um prejuízo enorme para as empresas.
De acordo com estimativas do Deutsche Bank, o impacto poderá chegar a US$ 500 milhões no lucro das empresas por semana, caso as paralisações cresçam e se tornem uma greve geral.
Nesta semana, o governo norte-americano revelou que a inflação aos consumidores subiu 0,6% em agosto, em linha com as estimativas do mercado.
Por sua vez, a inflação ao produtor cresceu 0,7%, acima das projeções do mercado (0,4%). Esse resultado pode indicar aumento da inflação aos consumidores em setembro, uma vez que os produtores tendem a repassar as altas ao consumidor final.
Em suma, Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, vai se reunir na próxima semana para definir a política monetária do país. Atualmente, a taxa de juros está no maior patamar em mais de 20 anos, e o Fed não descartou a possibilidade de aumentar ainda mais os juros, mas os analistas torcem para que a entidade mantenha os juros estáveis.
A saber, quanto mais altos os juros estiverem, mais enfraquecida fica a economia norte-americana, pois os juros elevados encarecem o crédito e elevam o custo de vida. Como consequência, os consumidores passam a gastar menos, e isso esfria a atividade do país, impactando vários outros países, já que os EUA são a maior economia global.
Na última terça-feira (12), o IBGE revelou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,23% em agosto, acelerando em relação ao mês anterior, quando a taxa avançou 0,12%. A propósito, o IPCA é a inflação oficial do Brasil.
Embora tenha acelerado no mês, o que impactou os investidores foi o fato de a inflação ter vindo abaixo das expectativas, já que as projeções indicavam um avanço de 0,28% no mês.
O termo inflação se refere ao aumento geral nos preços de bens e serviços em uma economia. Assim, quando a taxa inflacionária sobe, o dinheiro passa a comprar menos bens e contratar menos serviços, pois o aumento da inflação reduz o poder de compra do consumidor.
Para controlar a taxa inflacionária, o Banco Central (BC) eleva os juros no país, visando reduzir o poder de compra do consumidor. Como o crédito fica mais caro, a demanda se enfraquece, desacelerando a economia, e isso ajuda a controlar a inflação. Aliás, o BC elevou por 12 vezes consecutivas a taxa de juros no Brasil, entre 2021 e 2022, dificultando a vida dos brasileiros.
No início de agosto, o BC promoveu o primeiro corte dos juros no país em três anos, e a expectativa é de mais reduções nos próximos meses. Com o IPCA mais fraco que o esperado em agosto, os investidores torcem por quedas ainda mais intensa dos juros, e o fortalecimento da economia brasileira continua atraindo dólares para o país.