Após iniciar a semana em queda, o dólar voltou a subir nesta terça-feira (12), devolvendo parte das perdas registradas na véspera. Na sessão de hoje, o que mais repercutiu entre os investidores foram os dados relacionados à inflação no Brasil. O mercado também aguarda os dados inflacionários dos Estados Unidos, que devem ser divulgados amanhã (13).
Nesta terça-feira (12), o dólar subiu 0,42% e fechou o dia cotado a R$ 4,9520. Com o acréscimo deste resultado, o dólar reverteu o saldo acumulado em setembro. Na véspera (11), a moeda acumulava queda de 0,38% no mês. Contudo, com o acréscimo da sessão de hoje, a divisa passou a reservar leve alta de 0,04% em setembro.
Já em 2023, o dólar tem uma queda expressiva, de 6,18%. Aliás, a moeda chegou a cair mais de 11% no acumulado do ano até julho. Contudo, fechou agosto em alta firme de 4,68% e eliminou uma parte significativa da queda observada nos meses anteriores.
Inflação no Brasil acelera em agosto
A sessão desta terça-feira (12) ficou marcada pela repercussão dos dados inflacionários do Brasil. Em resumo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,23% em agosto, acelerando em relação ao mês anterior, quando a taxa avançou 0,12%.
Embora a inflação tenha acelerado, o mercado comemorou a taxa no mês passado, pois os analistas esperavam um avanço de 0,28%. Em outras palavras, o mercado sabia que a taxa iria subir, mas o avanço foi menor que o projetado, e esse dado é muito importante. A propósito, o IPCA é a inflação oficial do Brasil.
A saber, o termo inflação se refere ao aumento geral nos preços de bens e serviços em uma economia. Assim, quando a taxa inflacionária sobe, o dinheiro passa a comprar menos bens e contratar menos serviços, pois o aumento da inflação reduz o poder de compra do consumidor.
Para controlar a taxa inflacionária, o Banco Central (BC) eleva os juros no país, visando reduzir o poder de compra do consumidor. Como o crédito fica mais caro, a economia tende a desacelerar, e isso ajuda a controlar a inflação. Aliás, o BC elevou por 12 vezes consecutivas a taxa de juros no Brasil, entre 2021 e 2022, dificultando a vida dos brasileiros.
No início de agosto, o BC promoveu o primeiro corte dos juros no país em três anos, e a expectativa é de mais reduções nos próximos meses. Inclusive, o IPCA mais fraco que o esperado em agosto é um sinal de fortalecimento da redução dos juros, o que tende a enfraquecer o dólar ante o real.
Mercado também está de olho na inflação dos EUA
Não é apenas a inflação no Brasil que chama atenção dos investidores. A situação nos Estados Unidos é ainda mais aguardada pelos mercados, pois se trata da maior economia do mundo.
Na semana passada, o Departamento do Trabalho dos EUA revelou que os pedidos de auxílio-desemprego caíram de 229.000 para 216.000, surpreendendo o mercado, que esperava o pedido de 234.000 na semana.
Esses dados refletiram uma resiliência do mercado de trabalho norte-americano que os investidores não esperavam, fortalecendo as estimativas de crescimento de juros no país. Em resumo, o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, não descartou a possibilidade de aumentar a taxa de juros, que está no maior patamar em mais de 20 anos.
Os investidores torcem para que os juros não subam no país. Isso porque, quanto mais altos os juros estiverem, mais enfraquecida fica a economia, pois o custo de vida fica mais elevado e os consumidores passam a gastar menor, esfriando a atividade do país.
Ao mesmo tempo, quanto mais altos estiverem os juros nos EUA, mais atraentes ficam os títulos norte-americanos, o que fortalece o dólar ante ativos de risco, principalmente de países emergentes, como o real.
O governo americano deve divulgar nesta quarta-feira (13) os dados mais recentes da inflação no país. A depender dos resultado, o Fed poderá manter os juros no mesmo patamar ou mesmo elevá-lo, o que tende a atrair mais investimentos, fortalecendo o dólar.
Por fim, cabe salientar que os investidores ainda não têm uma opinião formada sobre a variação do dólar em setembro. Enquanto alguns acreditam que a moeda americana deverá recuar, principalmente por causa da melhora econômica do Brasil, outros acreditam em mais um mês de avanço da divisa, pressionada pelas preocupações internacionais com a inflação.