O dólar iniciou a semana com uma queda firme, enfraquecido pelo aumento do otimismo internacional. Dados positivos vindos da China deram coragem aos investidores para buscarem ativos de risco, ajudando a enfraquecer a moeda americana.
Na sessão desta segunda-feira (11), o dólar caiu 1,02% e fechou o dia cotado a R$ 4,9312. Na última sexta-feira (8), na volta do feriado, a divisa americana andou praticamente de lado, recuando apenas 0,01% e encerrando o pregão cotada a R$ 4,9822.
Com o acréscimo deste resultado, o dólar reverteu o saldo acumulado em setembro. Até o último pregão, a moeda acumulava alta de 0,65% no mês. Contudo, com o acréscimo da sessão de hoje (11), a divisa passou a acumular queda de 0,38% em setembro.
Já em 2023, o dólar tem uma queda bem mais expressiva, de 6,57%. Aliás, a moeda chegou a cair mais de 11% no acumulado do ano até julho. Contudo, fechou agosto em alta firme de 4,68% e eliminou uma parte significativa da queda observada nos meses anteriores.
Para setembro, os investidores ainda não têm uma opinião formada sobre a variação do dólar. Enquanto alguns acreditam que a moeda americana deverá recuar, principalmente por causa da melhora econômica do Brasil, outros acreditam em mais um mês de avanço da divisa, principalmente por causa das preocupações internacionais.
Seja como for, o que mais pesou no pregão desta segunda-feira (11) foi o otimismo vindo da China. Em resumo, a segunda maior economia do planeta apresentou dados mais fortes que o esperado.
A saber, a inflação ao consumidor subiu 0,1% em agosto, variação menor que o estimado pelos analistas, que apontavam para uma alta de 0,2% no mês. Além disso, os preços ao produtor caíram 3,0%, acima das projeções (2,9%).
Tudo isso animou os mercados, pois inflação mais controlada é um indício de que o banco central chinês poderá reduzir os juros. Ao mesmo tempo, é esperada a realização de novos estímulos econômicos para impulsionar a atividade do país.
Por falar nisso, a China vinha apresentando dados mais fracos que o esperado, e isso preocupou os mercados e ajudou a fortalecer o dólar em agosto. Contudo, caso a economia chinesa passe a apresentar dados mais fortes, a moeda americana poderá cair ainda mais nas próximas sessões.
Não é apenas a inflação na China que preocupa os investidores. A situação nos Estados Unidos é ainda mais esperada pelos mercados, pois se trata da maior economia do mundo.
Na semana passada, o Departamento do Trabalho dos EUA revelou que os pedidos de auxílio-desemprego caíram de 229.000 para 216.000, surpreendendo o mercado, que esperava o pedido de 234.000 na semana.
Esses dados refletiram uma resiliência do mercado de trabalho norte-americano que os investidores não esperavam, fortalecendo as estimativas de crescimento de juros no país. Em resumo, o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, não descartou a possibilidade de aumentar a taxa de juros, que está no maior patamar em mais de 20 anos.
Os investidores torcem para que os juros não subam no país. Isso porque, quanto mais altos os juros estiverem, mais enfraquecida fica a economia, pois o custo de vida fica mais elevado e os consumidores passam a gastar menor, esfriando a atividade do país.
Ao mesmo tempo, quanto mais altos estiverem os juros nos EUA, mais atraentes ficam os títulos norte-americanos, o que fortalece o dólar ante ativos de risco, principalmente de países emergentes, como o real.
Embora a economia brasileira esteja apresentando dados econômicos mais robustos, o que aumenta o otimismo entre os investidores, a situação atual do país ainda é incerta.
Por um lado, existe a expectativa de que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresça mais que o esperado em 2023, e isso tende a atrair capital estrangeiro, fortalecendo o real e, consequentemente, enfraquecendo o dólar.
Por outro lado, caso a inflação cresça no Brasil, assim como nos Estados Unidos, a economia de ambos os países pode crescer menos que o esperado. Em meio ao risco de recessão econômica, os investidores tendem a recorrer a títulos mais seguros, fortalecendo o dólar.
Inclusive, na semana passada, o barril de petróleo chegou a superar a marca de US$ 90, algo que não acontecia desde novembro de 2022. Como a commoditie é utilizada para diversas coisas, como combustíveis, a inflação pode subir na maioria dos países, pressionando os bancos centrais a aumentarem os juros.
Por fim, o cenário de incertezas pode fortalecer o dólar nos próximos pregões, mesmo com dados econômicos mais positivos vindos do Brasil. Resta aguardar para ver qual cenário irá exercer maior influência no mercado de câmbio.