O dólar fechou a sessão desta terça-feira (10) em forte queda de 1,44%. Esse é o maior recuo em um pregão desde o dia 6 de janeiro, quando a moeda despencou 2,17%, ou seja, em nove meses. Com isso, a moeda norte-americana fechou o dia cotada a R$ 5,0562, menor patamar de outubro.
Este foi o segundo pregão após o início dos conflitos entre Israel e o grupo extremista islâmico armado Hamas. Aliás, as preocupações trazidas pelos conflitos não impulsionaram o dólar na véspera (9), com a divisa caindo principalmente por causa do feriado nos Estados Unidos, e nem nesta terça-feira (10).
Embora o dólar tenha caído pelo segundo dia, a divisa ainda acumula um avanço de 0,59% em outubro. Esse resultado sucede as altas de agosto (4,68%) e setembro (1,55%) e mostra que a divisa sobe pelo terceiro mês consecutivo, refletindo o aumento do pessimismo entre os investidores, que tendem a buscar o dólar quando as preocupações globais crescem.
No acumulado de 2023, o resultado é positivo para o real brasileiro, uma vez que a moeda americana acumula queda de 4,20% no ano. Aliás, a queda anual chegou a atingir 11% em julho, mas as preocupações com o exterior impulsionaram o dólar nos últimos meses.
Juros não devem subir nos EUA
Hoje (10), o vice-presidente do Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, acalmou o mercado, que vinha temendo a alta dos juros no país, afirmando que a expectativa é que a entidade não eleve a taxa de juros nos EUA. Caso essa seja a decisão do Fed, ocorrerá com muita cautela para evitar danos à economia norte-americana.
Nos dois últimos anos, o Fed elevou recorrentemente os juros para segurar a inflação nos Estados Unidos, que chegou ao maior patamar em quase 40 anos. Atualmente, a taxa de juros está no nível mais elevados em mais de duas décadas anos, e havia risco de subir ainda mais até o final do ano.
Vale destacar que, na última reunião, realizada em setembro, o Fed optou por manter os juros estáveis nos EUA. Contudo, não descartou a possibilidade de elevar a taxa nas próximas reuniões, a depender dos dados econômicos nacionais. Isso aumentou as preocupações entre os investidores, algo que fortalecia o dólar.
Juros elevados enfraquecem economia do país
Em síntese, que os bancos centrais elevam os juros para segurar a taxa inflacionária nos países. Isso acontece porque os juros mais altos reduzem o poder de compra dos consumidores, que passam a comprar menos produtos e contratar menos serviços. Assim, a inflação perde força, já que a demanda se enfraquece.
A elevação dos juros provoca o esfriamento da economia do país. Como os Estados Unidos são a maior economia do mundo, a preocupação é que esse resultado afete todo o planeta, provocando uma recessão econômica global.
No entanto, como o vice-presidente do Fed afirmou que a entidade não deverá elevar os juros, os investidores se sentiram mais seguros para buscarem ativos de risco. Com isso, o dólar afundou, mesmo com as preocupações vindas do Oriente.
Cabe salientar que os juros elevados beneficiam a moeda americana, pois atraem mais investidores para os Estados Unidos. Em suma, juros altos beneficiam a renda fixa norte-americana, da qual fazem parte os títulos americanos, chamados de treasuries, considerados os ativos mais seguros do mundo.
Estes papeis atingiram na semana passada o maior patamar em quase 15 anos. Isso aconteceu devido ao crescimento da sua rentabilidade, impulsionada pelos juros altos. Aliás, estes títulos conseguiram sugar boa parte dos capitais de bolsas de valores ao redor do mundo, inclusive da brasileira.
Conflitos no Oriente Médio marcam pregão
Apesar de o dia ter sido marcado pela queda do dólar, a moeda americana ganhou força nos últimos tempos devido aos temores de uma recessão econômica global. Esses temores estão associados, principalmente, às preocupações relacionadas ao aumento dos juros nos Estados Unidos.
Além disso, outro fator não saiu do radar dos investidores nesta terça-feira (10): o conflito entre Israel e Hamas. No último sábado (7), o grupo extremista islâmico atacou Israel, que contra-atacou em seguida. Os confrontos já provocaram a morte de mais de mil pessoas, segundo os dados mais recentes. Também há milhares de desaparecidos e o Hamas sequestrou dezenas de reféns.
Esse cenário caótico provocou a disparada de mais de 4% dos preços do barril de petróleo na véspera (9). O encarecimento do petróleo, que é uma das principais commodities do mundo, tem força para elevar a inflação global, o que pode pressionar os bancos centrais a manterem os juros elevados.
Em meio a isso, o dólar até poderia ter subido na segunda-feira (9), mas isso não aconteceu, principalmente, por causa do feriado nos EUA. Já nesta terça-feira (10), os preços do petróleo caíram, após a disparada de ontem. Assim, os investidores não se sentiram pressionados a buscarem ativos mais seguro e isso beneficiou as moedas de países emergentes, como o real.