Pouco mais de dois dias depois da vitória nas eleições de domingo (30), a equipe do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) corre contra o tempo para tentar cumprir as promessas de campanha. Uma delas foi o aumento real do salário mínimo já a partir de 2023. O senador eleito Wellington Dias (PT-PI) deu mais detalhes sobre este movimento.
Dias, que é um dos membros da coordenação de campanha do presidente eleito, disse que a ideia é dar um aumento real de 1,3% ou 1,4% a partir de janeiro. Na mesma entrevista, ele disse que a manutenção do valor do Auxílio Brasil na casa dos R$ 600 também já estaria garantida pelo novo governo eleito.
Dias disse que estas são as duas prioridades de Lula neste final de ano. Antes de assumir, ele precisa, ainda na visão do senador, garantir o cumprimento destas duas promessas. Nesta quinta-feira (3), membros do grupo do petista se encontraram com o senador Marcelo Castro (MDB-PI). A ideia é justamente discutir as mudanças que precisarão ser feitas no orçamento para abarcar estas promessas.
“Garantir o reajuste do salário mínimo, que já tem uma previsibilidade pela inflação, mas o compromisso, já do primeiro ano, é de implementar a regra da média do PIB dos últimos cinco anos. Como houve queda (do PIB), como houve momentos mais elevados, momentos baixos, provavelmente, vai ficar aí em um patamar de 1,3%, 1,4% de ganho real neste primeiro ano. Mas precisa constar do Orçamento”, disse Dias, antes do encontro com Castro.
Quem também estará nesta reunião é o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin. Ele será oficialmente nomeado pelo partido de Lula como o coordenador do governo de transição. Neste sentido, ele também deverá se encontrar com o Ministro chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, que vai chefiar estas conversas pelo lado do atual do Governo Federal.
Na entrevista dada para a GloboNews, Dias também garantiu a continuidade do valor de R$ 600 do Auxílio Brasil. Hoje, a indicação que está prevista no plano de orçamento do governo Bolsonaro é de que o saldo dos pagamentos vai cair a partir de janeiro deste ano.
Assim, caso o presidente eleito queira mudar esta indicação para conseguir cumprir a promessa, será preciso alterar o orçamento. Segundo Dias, os R$ 600 já estariam garantidos porque, segundo ele, existe uma vontade do Congresso em ajudar neste ponto.
“Aqui, o objetivo é: garantir a continuidade do Auxílio Brasil. Então, os R$ 600 seguem em condições de pagamento, a partir de 1º de janeiro, não haverá descontinuidade, o que preciso? É uma PEC? A necessidade de constar no Orçamento? É isso que nós vamos garantir”, completou o senador.
Em entrevista concedida ao jornal Extra nesta semana, o senador Marcelo Castro confirmou que haverá uma reunião com membros do governo eleito nesta semana. Ele também disse que espera que os representantes de Lula enviem uma proposta para a mudança.
“O presidente Lula, durante a campanha, assumiu alguns compromissos, como o reajuste real do salário mínimo. Entendo que talvez essa medida não seja para esse Orçamento, que não é dele”, disse ele.
“Mas ele prometeu manter o Auxílio Brasil em R$ 600 e prometeu que mães com crianças abaixo de 6 anos teriam direito a R$ 150, o que daria impacto em torno de R$ 18 bilhões. Só essas duas contas do Bolsa Família somam R$ 70 bilhões. Não há espaço orçamentário, e ponto final. Para serem atendidas as demandas, teremos de procurar uma alternativa”, completou o senador.
O salário mínimo vigente, ou seja, de 2022, é equivalente a R$ 1.212. O valor foi estabelecido com base no INPC apurado em 2021, que totalizou 10,02%. O valor representa uma evolução não muito significativa do piso no decorrer dos anos. Veja abaixo: