No mundo da numismática, é natural que as pessoas se interessem pela história de cada uma das moedas raras que são encontradas no país atualmente. Afinal de contas, estes exemplares ajudam a explicar o contexto histórico do Brasil de diversas formas.
Neste sentido, uma moeda que representa bem o seu contexto histórico é a peça de 1000 réis do ano de 1938. Trata-se de um exemplar extremamente conhecido por colecionadores, mas que foi marcado mesmo por uma profunda polêmica de cunho religioso.
Curiosidades sobre a moeda
Mas por que esta é uma moeda considerada polêmica? De acordo com informações de historiadores, uma das principais curiosidades sobre esta peça é que ela é conhecida como “moeda da bíblia”, e conta com um desenho do livro cristão em seu anverso.
Hoje, há um intenso debate em torno da utilização de símbolos de caráter religioso em representações do estado. Há quem diga, por exemplo, que seria impensável ter uma moeda com um símbolo de uma bíblia nos dias atuais, considerando que o país é laico.
De todo modo, vale frisar que o Brasil ainda conta com a inscrição “Deus Seja Louvado” em boa parte das suas cédulas. A frase também causa polêmica, sobretudo dentro de setores mais progressistas da sociedade.
Padre Anchieta
A moeda de 1000 réis do ano de 1938 também faz uma homenagem ao padre José de Anchieta. Ele foi um jesuíta espanhol que esteve a serviço da coroa portuguesa no processo de colonização do Brasil. O padre foi um dos fundadores das cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo.
Entre outros pontos, ele ficou conhecido por escrever a primeira gramática da língua tupi, e um dos primeiros autores da literatura do Brasil.
Hoje, ele é considerado santo pela Igreja Católica, sendo beatificado no ano de 1980 pelo papa João Paulo II, e canonizado pelo papa Francisco, no ano de 2014.
Anchieta também está longe de ser unanimidade entre os historiadores, que também apontam que ele teria sido responsável por dizimar a cultura e a religiosidade dos nativos.
Identificando a moeda
Diante de toda esta biografia, o padre Anchieta foi homenageado na polêmica moeda de 1000 réis do ano de 1938. Abaixo, você pode conferir as principais características da peça, tomando como base as informações disponibilizadas pelo Banco Central (BC):
- Plano Monetário: Padrão Réis (1922 – 1942);
- Período: República – Era Vargas;
- Casa da Moeda: Rio de Janeiro;
- Diâmetro: 24.5mm;
- Peso: 7gr;
- Metal: Bronze-Alumínio;
- Borda: Serrilhada;
- Reverso: Medalha;
- Moeda Desmonetizada;
- Desenho do Anverso: ANCHIETA. Busto do padre José de Anchieta, voltado à esquerda, sobre campo quadriculado. No exergo, junto à lapela, o monograma CB do gravador Calmon Barreto;
- Desenho do Reverso: No campo, Bíblia aberta sob data e valor de face em semicirculo. No exergo, a palavra BRASIL e o monograma WT do gravador Walter Toledo.
- Gravador: Calmon Barreto e Walter Toledo.
Quanto vale a moeda
Agora, vamos listar os valores indicados para a moeda de 1000 réis do ano de 1938, considerando os catálogos numismáticos mais atualizados. Confira:
MBC | SOBERBA | FLOR DE CUNHO |
---|---|---|
R$ 20,00 | R$ 100,00 | R$ 300,00 |
Caso você tenha a moeda de 1000 réis do ano de 1938 certificada, saiba que ela poderá ser vendida a nada menos do que R$ 1,1 mil, também considerando os catálogos numismáticos mais atualizados.
Os réis
Os réis foram as primeiras moedas da história do Brasil, e começaram a ser usados ainda no período de colonização até poucas décadas atrás. Na chegada dos portugueses, não existiam moedas no Brasil, e o comércio era realizado basicamente em um sistema de trocas de produtos.
Com o avanço da colonização, e consequentemente do comércio, o Brasil começou a ter o mesmo padrão monetário do Portugal: o real. Os reais, plural do real, acabaram sendo popularizados como réis, nome que acabou funcionando oficialmente por centenas de anos.