Após iniciar 2023 com o pessimismo em alta, os empresários dos serviços passaram a acreditar em um cenário mais positivo para o setor em 2023. De acordo com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), o Índice de Confiança de Serviços (ICS) subiu 0,7 ponto em abril, para 92,4 pontos.
Em resumo, esse é o maior nível desde novembro do ano passado (93,7 pontos), ou seja, o melhor resultado dos últimos cinco mês. Aliás, este é o segundo avanço e sucede cinco meses consecutivos de queda do ICI, período em que acumulou uma forte perda de 10,0 pontos e atingiu o menor patamar em quase dois anos.
Embora tenha avançado nos dois últimos meses, o resultado de abril ainda indica pessimismo do setor, mesmo com a melhora das percepções sobre o momento atual e as perspectivas futuras do Brasil. A propósito, o ICI mede o grau de otimismo dos empresários do setor de serviços no país.
Vale destacar que resultados abaixo de 100 pontos indicam pessimismo, enquanto números acima dessa faixa refletem o otimismo do setor. Em suma, o resultado de abril, abaixo de 93 pontos, indica que o grau de pessimismo dos empresários está mediano, e não apenas superficial.
“Depois de um período de desaceleração mais intensa, o ICS começa a dar sinais de recuperação ou de que pelo menos o pior momento pode ter passado“, disse o economista da FGV, Rodolpho Tobler.
Situação atual aumenta otimismo
De acordo com o FGV IBRE, o ICS possui dois indicadores. O primeiro é o Índice de Situação Atual (ISA-CST), que avançou 1,7 ponto em abril, para 94,8 pontos, segundo resultado positivo após cinco meses consecutivos de queda.
Por outro lado, o segundo componente do ICS, o Índice de Expectativas (IE-S), caiu 0,2 pontos em abril, quinto recuo nos últimos sete meses. Assim, o indicador chegou a 90,2 pontos.
“A segunda alta consecutiva [do ICS] foi influenciada pela melhor de percepção com o momento atual e disseminada nos principais segmentos do setor. Apesar dessa sequência de altas, só foram recuperados 26% de toda perda que ocorreu a partir do último trimestre do ano passado“, explicou Tobler.
“Para os próximos meses, o cenário parece estar mais relacionado a uma acomodação nesse patamar baixo do que uma aceleração dessa recuperação, isso porque os fatores macroeconômicos que contribuíram para desaceleração, ainda permanecem presentes“, acrescentou o economista.
Confiança da indústria fica praticamente estável
Os empresários industriais do país também se mostraram um pouco mais otimistas em abril. Segundo o FGV IBRE, o Índice de Confiança da Indústria (ICI) subiu 0,1 ponto no mês, para 94,5 pontos, mantendo-se praticamente estável em relação a março.
Em síntese, esse é o maior nível desde outubro de 2022 (95,7 pontos), ou seja, em seis meses. No entanto, o nível da confiança dos empresários industriais segue em campo negativo, indicando pessimismo do setor.
A saber, taxas abaixo de 100 pontos refletem pessimismo do setor, assim como acontece com o ICS. Contudo, nesse caso, o pessimismo dos empresários industriais foi um pouco menor que o observado nos serviços.
“Após uma forte alta no mês passado, a confiança da indústria estabiliza em abril” disse Stéfano Pacini, economista do FGV Ibre.
Indústria está mais confiante com o futuro
Em resumo, o ICI possui dois componentes, um sobre o presente e outro que reflete as expectativas com o futuro. Em abril, o Índice Situação Atual (ISA) subiu 2,0 pontos, para 93,5 pontos, aproximando-se do nível observado em dezembro do ano passado (93,8 pontos).
Por outro lado, o Índice de Expectativas (IE) recuou 1,8 ponto, para 95,7 pontos, eliminando praticamente todo o crescimento do ISA, que poderia impulsionar a confiança dos empresários industriais no mês. Aliás, o IE saltou 6,1 pontos em março, o que pode explicar a queda em abril, já que a base comparativa estava forte.
Ambos os componentes seguem acima de 90 pontos. Isso quer dizer que há pessimismo dos empresários industriais, tanto em relação ao momento atual quanto ao futuro, mas a falta de confiança não é tão intensa.
“Pelo lado das expectativas, houve compensação de parte dos resultados positivos do mês anterior. As perspectivas são mais favoráveis para a produção, porém voltam a ficar cautelosos no horizonte de seis meses“, disse Pacini.
“Os empresários veem alguma melhora após longo período de dificuldades para o escoamento dos estoques. Apesar disso, o nível da demanda ainda está abaixo do normal, e é um sinal de alerta, tendo vista as dificuldades que o Brasil enfrenta para reacelerar a atividade econômica com a manutenção da taxa de juros em patamar elevado“, acrescentou.
Por fim, a alta da confiança da indústria em abril foi observada em nove dos 19 segmentos pesquisados. Nos dez restantes, um se manteve estável, enquanto os outros nove recuaram em relação a março.