Os empresários do comércio estão mais pessimistas com a situação atual do Brasil. A saber, a confiança do setor caiu fortemente no início de 2023, e isso liga o sinal de alerta para os próximos meses, que podem trazer resultados ainda mais negativos.
Em síntese, o Índice de Confiança do Comércio (Icom) despencou 4,4 pontos em janeiro deste ano, na comparação com o mês anterior. Essa é a terceira queda do indicador nos últimos quatro meses, o que reflete o pessimismo do setor, que ficou ainda mais evidente agora em janeiro.
“Depois de registrar estabilidade no último mês do ano, a confiança do comércio inicia 2023 em queda, acumulando queda de 19 pontos nos últimos quatro meses”, explicou Rodolpho Tobler, economista do FGV Ibre. A propósito, o Instituto Brasileiro de Economia Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) é responsável pelo levantamento.
Com o acréscimo deste resultado, o indicador caiu para 82,8 pontos, menor patamar desde março de 2021 (72,5 pontos). Em outras palavras, a confiança dos empresários do comércio é a menor em quase dois anos.
Vale destacar que taxas superiores a 100 pontos indicam otimismo do setor. Por outro lado, taxas inferiores refletem o pessimismo dos empresários do comércio, e isso acabou se intensificando nos últimos meses. Isso porque os resultados vêm se mostrando bem negativos desde o segundo semestre do ano passado.
Em resumo, o Icom é composto por dois indicadores, o Índice de Situação Atual (ISA-COM) e o Índice de Expectativas (IE-COM). A saber, os índices tiveram variações opostas neste mês, mas um deles exerceu bem mais influência na confiança dos empresários que o outro.
De um lado, o ISA-COM despencou 8,8 pontos em janeiro, para 79,9 pontos. Esse é o menor nível desde fevereiro de 2022 (78,1 pontos). Aliás, o resultado do indicador reflete um pessimismo mais intenso dos empresários do comércio, visto que a taxa se distanciou ainda mais dos 100 pontos, marca de neutralidade do Icom.
“Esse resultado negativo foi influenciado pela piora mais forte das avaliações sobre o presente, mantendo o padrão que já se observava no final de 2022, sugerindo redução da demanda e consequente desaceleração do setor”, explicou Tobler.
Em contrapartida, o IE-COM subiu 0,4 ponto, para 86,1 pontos. Nesse caso, o avanço foi o segundo consecutivo, o que reflete um maior otimismo com o futuro. No entanto, vale ressaltar que as altas foram bem tímidas, e que o indicador ainda reflete a falta de confiança dos empresários do setor com o futuro, uma vez que a taxa está abaixo de 100 pontos.
“As expectativas para esse novo ano não são animadoras, dado que o momento de juros e inflação ainda em patamar alto, e consumidores com poder de compra reprimido não permitem vislumbrar uma recuperação no curto prazo”, disse o economista do FGV Ibre.
Segundo o levantamento, a queda da confiança do comércio em janeiro foi bastante disseminada, atingindo cinco dos seis principais segmentos do setor. Isso fez o Icom cair de maneira expressiva em janeiro, uma vez que os recuos foram bem mais disseminados que os avanços.
“O Índice de Confiança do Comércio vem registrando resultados pouco favoráveis nos últimos meses. Na métrica em médias móveis trimestrais é observado que há uma desaceleração tanto do Índice de Situação Atual quanto de Expectativas”, informou o FGV Ibre.
Contudo, nos últimos meses, os recuos da confiança do comércio estão sendo influenciados pela situação atual do país. Em síntese, desde agosto do ano passado que os indicadores relacionados ao presente estão exercendo maior impacto no Icom do ponto de vista negativo.
Por exemplo, o indicador de volume de demanda atual acumulou uma forte queda de 20,3 pontos nesse período. Da mesma forma, o indicador situação atual dos negócios registrou perdas de 19,4 pontos desde agosto, o que reflete a falta de confiança com o presente do país.
“Apesar desse sinal expressivo de desaceleração, os indicadores sobre o futuro, que já vinham em patamar baixo, acumularam perdas de no máximo 3 pontos no período. Agora os indicadores se aproximam em níveis baixos”, explicou a entidade.
Todos estes resultados mostram que os empresários do setor não estão confiantes nem com o futuro do setor no país, e muito menos com a situação atual. Embora as expectativas para os próximos meses tenham ficado perto da estabilidade, os resultados ainda estão fracos.