Em 2023, a economia brasileira não deverá crescer de maneira tão expressiva quanto no ano passado. Após avançar 2,9% em 2022, o Produto Interno Bruto (PIB) do país deverá crescer menos de 1% neste ano.
Embora as expectativas para a atividade econômica não sejam tão positivas, a confiança dos consumidores brasileiros cresceu em março. Contudo, o avanço ainda não representa uma tendência de alta, uma vez que os movimentos observados foram contraditórios.
Após recuar 1,3 ponto em fevereiro, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) subiu 2,5 pontos em março, na comparação com o mês anterior. Com isso, o indicador subiu para 87,0 pontos, mas ainda continua distante do nível de janeiro de 2020 (90,4 pontos), no período pré-pandemia.
Em síntese, a crise sanitária afetou todo o mundo, provocando a perda de milhões de empregos, bem como a elevação da inflação. Tudo isso corroeu a renda das pessoas, inclusive no Brasil.
O resultado observado em março mostra que, apesar do baixo nível de confiança, o consumidor brasileiro pareceu mais otimista em março. Ainda assim, o nível segue abaixo do registrado no início de 2020, quando os primeiros relatos sobre a pandemia da covid-19 começavam a surgir no planeta.
Vale destacar que o índice de confiança do consumidor continua em um nível historicamente baixo, longe da marca dos 100 pontos. A propósito, níveis inferiores a essa faixa indicam pessimismo das pessoas, enquanto valores superiores a 100 pontos representam otimismo.
O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), responsável pelo levantamento, divulgou os dados nesta semana.
Neste mês, o que impulsionou a confiança do consumidor brasileiro foi o otimismo, que cresceu tanto em relação à situação atual do Brasil quanto ao futuro.
“Após dois meses em queda, a confiança dos consumidores sobe em março influenciada por uma melhora da percepção da situação atual e das expectativas para os próximos meses”, explicou Viviane Seda Bittencourt, coordenadora das sondagens do FGV Ibre.
“Contudo, apesar do resultado positivo, os movimentos são bastante heterogêneos e talvez contraditórios entre faixas de renda, o que ainda dificulta a sinalização de uma tendência mais clara para os próximos meses”, disse a coordenadora.
De acordo com Viviane, o cenário nacional continua bastante desafiador em 2023. A saber, o mês de março mostrou maior confiança dos consumidores, mas isso não ajudou a reduzir de maneira significativa o pessimismo no país. Assim, mesmo com o avanço, a confiança continua em nível baixo.
“O cenário econômico se mantém com taxas de juros elevadas, resiliência da incerteza e desaceleração do mercado de trabalho com redução da atividade. Sem alterações significativas, é possível continuar patinando em torno de um mesmo patamar de confiança nos próximos meses”, disse Viviane Seda Bittencourt.
Em resumo, a inflação elevada continua pressionando o Banco Central a manter a taxa de juros elevada. Esse cenário resulta na perda de poder de compra do consumidor, que continua com a renda corroída
Em março, o avanço do ICC foi impulsionado tanto pela situação atual quanto pelas perspectivas em relação ao futuro. Em suma, o ICC possui dois componentes, o Índice de Situação Atual (ISA) e o Índice de Expectativas (IE), que seguiram a mesma direção neste mês.
Segundo o levantamento, o ISA subiu 2,7 pontos, para 72,0 pontos, melhor resultado desde outubro de 2022 (74,5 pontos). Por sua vez, o IE avançou 2,2 pontos, para 98,0 pontos.
Esses resultados mostram que ambos os componentes estão com taxas abaixo de 100 pontos. Contudo, ao compará-los, vê-se que o indicador relacionado aos próximos meses se mantém em nível bem mais elevado que o índice referente à situação atual do país.
Neste mês, todas as faixas de renda continuaram com pouca confiança em relação à situação do país. No entanto, o aumento do otimismo das famílias de baixa renda fortaleceu o ICC ao subir 4,0 pontos.
A confiança das famílias com faixa de renda entre R$ 4.800,01 e R$ 9.600 também subiu no mês (+3,1 pontos), mas as outras duas faixas de renda tiveram resultados negativos.
Confira abaixo o índice de confiança dos consumidores por faixa de renda:
Os dados acima mostram que as faixas de renda mais elevadas se mostraram mais confiantes, enquanto os demais consumidores se mantiveram em níveis um pouco mais baixos. Ainda assim, a confiança segue abaixo dos 100 pontos em todas as faixas, indicando pessimismo dos consumidores.