É OFICIAL! São Luís é a Capital Nacional do Reggae

Medida foi sancionada pelo presidente em exercício, Geraldo Alckmin (PSB) e publicada no Diário Oficial da União (DOU)

São Luís é oficialmente a capital nacional do reggae. A decisão foi tomada pelo congresso nacional, e sancionada pelo presidente da república em exercício, Geraldo Alckmin (PSB). A medida já foi oficialmente publicada no Diário Oficial da União (DOU) na edição desta terça-feira (12).

A medida estava sendo discutida dentro do congresso nacional desde o ano de 2020, quando o projeto de lei foi apresentado pelo deputado federal Bira do Pindaré (PSB-MA). O texto foi aprovado pela comissão de Educação e Cultura ainda no último dia 8 de agosto. O relator da proposta foi o senador Cid Gomes (PDT-CE).

É OFICIAL! São Luís é a Capital Nacional do Reggae
Medida foi publicada no Diário Oficial da União. Imagem: Reprodução

“O reggae tem um inegável e contagiante vigor artístico, tanto na melodia, no ritmo e nos arranjos como nas letras”, disse Cid Gomes. “Trata-se de um ritmo voltado à ânsia de transformação, associada à promoção do igualitarismo, da negritude e do anticolonialismo”, completou o senador.

“Seja pelo jeito de dançar reggae agarradinho, em pares que se enlaçam, que é único no mundo, seja pela presença tão difundida das radiolas, que são verdadeiras paredes de caixas de som montadas nas ruas e em outros espaços abertos, seja, por fim, pelo surgimento de bandas, como a pioneira Tribo de Jah, em atividade desde 1986, chegando até a Orquestra Maranhense do Reggae”, seguiu Cid Gomes.

“Não há dúvida de que a origem africana, transformada em moderna expressão afro-caribenha, foi um fortíssimo fator que impulsionou essa convergência do reggae com o povo do Maranhão, com sua elevada participação de afrodescendentes”, destacou Cid Gomes no relatório. 

O reggae em São Luís

Um dos ritmos musicais mais populares do mundo, o reggae começou a fazer muito sucesso em São Luís ainda no final da década de 1970. De acordo com analistas, a nova versão deste estilo musical teria ganhado novos ares e características próprias, como a dança colada e acompanhada de radiolas, mais conhecidas comoo paredões em outras regiões.

É OFICIAL! São Luís é a Capital Nacional do Reggae
Reggae ganhou contornos próprios em São Luís. Imagem: Divulgação/Setur

Antes de se tornar a capital nacional do reggae, no entanto, São Luís teve que passar por várias etapas históricas de aceitação. Durante várias décadas, este estilo musical foi rebaixado porque era visto como um ritmo que agradava apenas a parcela mais pobre da população local.

“O reggae em São Luís surgiu e foi ganhando força primeiramente na periferia. Ele foi muito abraçado pela juventude negra das periferias de São Luís que identificaram aquele ritmo como um instrumento de lazer. Por conta disso sempre houve um preconceito social e racial contra o reggae”, disse a jornalista Karla Freire em entrevista recente.

“Analisando reportagens de jornais impressos, a gente identifica que a maioria das notícias que apareciam sobre o reggae eram sempre relacionadas às notícias policiais. Era alguém que tinha sido morto, era uma batida policial. Dificilmente o reggae era visto com um local cultural”, completou ela.

“A partir dos anos 90 você vai vendo a classe média abraçar o reggae em espaços híbridos. O Espaço Aberto começa a ser frequentado por pessoas da universidade, por artistas locais. Então, essas pessoas vão começando a quebrar essa barreira social e, é, a partir disso que a gente vê que o reggae começa a se diversificar na ilha”, completou ela.

Além do reggae

A cidade de São Luís do Maranhão é a única capital brasileira fundada por franceses, ainda em 1612. Mas logo em seguida, ela foi invadida pelos holandeses, até ser invadida pelos portugueses. O centro histórico da cidade foi declarado patrimônio cultural da humanidade pela UNESCO.

Muito antes da chegada do reggae em São Luís, a capital maranhense já registrava em sua periferia a fermentação da cultura negra. Nos tempos da colonização, escravos se amontoavam nessas periferias da cidade para fugir da repressão da polícia e das elites.

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