O Banco Central (BC) informou nesta quinta-feira (28) suas projeções para a inflação do país em 2023. A entidade financeira prevê que há 67% de chance de a taxa inflacionária estourar a meta neste ano no país.
A informação está presente no Relatório de Inflação do terceiro trimestre da autarquia. Aliás, no relatório anterior, o BC havia projetado que as chances de estouro da meta da inflação estavam em 61%, ou seja, houve um aumento de 6 pontos percentuais na passagem trimestral.
“Em termos de probabilidades estimadas de a inflação ultrapassar os limites do intervalo de tolerância, destaca-se, no cenário de referência, o aumento da probabilidade de a inflação ficar acima do limite superior em 2023, que passou de cerca de 61% no relatório anterior para 67% neste relatório“, informou o BC.
CMN define meta da inflação
A saber, o Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para a inflação do país todos os anos. Assim, o Banco Central age para cumprir a meta definida, pois a inflação controlada traz diversos benefícios para o país, como:
- Maior tranquilidade para investir no Brasil;
- Maiores chances para o país ter um crescimento econômico sustentável;
- Mais previsibilidade econômica, permitindo um planejamento das indústrias;
- Redução da concentração de renda.
Para 2023, o CMN definiu uma meta central de 3,25% para a inflação no país. Contudo, a taxa pode variar entre 1,75% e 4,75%, pois a entidade também define um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a inflação. Assim, a taxa inflacionária pode variar para cima ou para baixo.
Neste sentido, caso a inflação deste ano tenha uma variação dentro desse intervalo, entre 1,75% e 4,75%, ela terá sido formalmente cumprida, mesmo que supere a meta central de 3,25%.
A propósito, o Conselho Monetário Nacional (CMN), que define a mata inflacionária do país, é composto por:
- Presidente do Banco Central (Roberto Campos Neto);
- Ministro da Fazenda (Fernando Haddad);
- Ministro do Planejamento e Orçamento (Simone Tebet).
Veja as projeções do BC para a inflação no Brasil
As projeções do BC para a inflação no Brasil em 2023 se mantiveram estáveis. De acordo com o relatório, a taxa inflacionária deverá encerrar o ano em 5,00%, mesma taxa estimada no relatório de inflação do trimestre anterior, divulgado em junho.
Caso essa projeção se confirme, a inflação irá estourar a meta pelo terceiro ano consecutivo, ou seja, os preços de produtos e serviços vão subir novamente mais do que deveriam no Brasil.
Inclusive, o Governo Federal também acredita que a inflação no Brasil deverá estourar a meta em 2023. No entanto, as estimativas do Planalto se mostraram um pouco menos negativas, ficando em 4,85%.
Por sua vez, os analistas do mercado financeiro estimam que a inflação do Brasil ficará em 4,86% neste ano, taxa praticamente igual às projeções do governo federal, e ambas abaixo das estimativas do Banco Central. Essa publicação é chamada de relatório Focus e divulgada semanalmente pelo BC, que informa as atualizações das estimativas do mercado.
Estimativas para 2024
O relatório do BC também revelou as estimativas da autarquia para a inflação no Brasil em 2024. Em suma, a taxa subiu levemente em relação ao prognóstico anterior, de 3,4% para 3,5%. Da mesma forma, as projeções do governo federal também ganharam mais força neste mês, passando de 3,3% para 3,4%.
Contudo, as taxas mais elevadas ainda são dos analistas do mercado financeiro, que estimam uma inflação de 3,86% no Brasil em 2024. Como o BC atualiza o relatório Focus semanalmente, as variações tendem a acontecer mais recorrentemente.
Seja como for, todas estas projeções indicam que o Brasil conseguirá registrar uma inflação dentro da meta definida pelo CMN em 2024. Em resumo, a meta de inflação do próximo ano é de 3%. Portanto, o Brasil cumprirá a taxa caso ela oscile entre 1,5% e 4,5%, e todas as estimativas estão dentro desse intervalo.
Entenda o que é IPCA e o que ele mede
Em primeiro lugar, vale explicar o que é inflação. O termo se refere ao aumento contínuo e generalizado nos preços de produtos e serviços no país. Aliás, essa variação é medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é considerado a inflação oficial do Brasil.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realiza a pesquisa e divulgado mensalmente os resultados. Em síntese, pesquisadores do IBGE vão a estabelecimentos comerciais para colher informações sobre os preços de diversos itens. Nove grupos de produtos e serviços pesquisados compõem o IPCA, mas cada um deles exerce um impacto específico no indicador.
Quando os preços destes produtos sobem mais do que a meta da inflação, o BC tende a elevar os juros no Brasil para reduzir o poder de compra do consumidor. Com o enfraquecimento da demanda, os preços tendem a cair, e a inflação perde força.
Na semana passada, o BC reduziu pela segunda vez consecutiva a taxa de juros do país graças à desaceleração da inflação no Brasil. A expectativa é que os juros continuem caindo e que a inflação desacelere cada vez mais no país.