Os brasileiros conseguiram economizar no supermercado em 2023. De acordo com o levantamento mensal realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a cesta básica ficou mais barata em 15 dos 17 locais pesquisados.
A saber, os únicos locais que registraram aumento nos preços em 2023 foram Belém (0,94%) e Porto Alegre (0,12%). Entretanto, ambos os avanços foram bem leve, impactando de maneira tímida o orçamento das famílias destas regiões.
Por outro lado, a cesta básica ficou mais barata nos outros 15 locais, com reduções mais intensas. O resultado é bastante positivo para os brasileiros, refletindo a redução dos gastos para comprar alimentos básicos no país no ano passado.
Os locais que registraram as maiores quedas nos preços da cesta básica entre dezembro de 2022 e de 2023 foram: Campo Grande (-6,25%), Belo Horizonte (-5,75%), Vitória (-5,48%), Goiânia (-5,01%), Natal (-4,84%) e Recife (-4,78%). Nestes locais, os consumidores conseguiram aproveitar reduções mais intensas. As demais quedas oscilaram entre 0,21% e 4,12%.
Cesta básica mais cara do país
Com o acréscimo das variações de dezembro, último mês de coleta dos preços, a cesta básica de Porto Alegre voltou a ser a mais cara do país. Em síntese, os moradores da capital gaúcha tiveram que desembolsar R$ 766,53 no mês passado para adquirir uma cesta básica na região.
Esse valor correspondeu a 58,1% do salário mínimo vigente no país (R$ 1.320) em dezembro de 2023. Assim, o trabalhador que recebia o piso nacional no mês passado, e morava em Porto Alegre, precisou pagar caro para adquirir uma cesta básica.
Por esta razão, milhares de pessoas são obrigadas a reduzirem os custos com as demais despesas. Como sobra pouco do salário para que os consumidores utilizem em outra coisa, não tem como aumentar o consumo. Inclusive, muitos itens e serviços importantes se encaixam nessa “sobra”, como contas de luz e água, aluguel, prestação de casa e carnês de loja.
Cesta básica mais cara do Brasil | |
Janeiro | São Paulo |
Fevereiro | São Paulo |
Março | São Paulo |
Abril | São Paulo |
Maio | São Paulo |
Junho | São Paulo |
Julho | Porto Alegre |
Agosto | Porto Alegre |
Setembro | Florianópolis |
Outubro | Porto Alegre |
Novembro | São Paulo |
Dezembro | Porto Alegre |
Salário mínimo ideal surpreende
O Dieese não revelou apenas a variação nos preços da cesta básica em 2023. A entidade também estimou qual seria o salário mínimo ideal do Brasil em dezembro do ano passado. Para isso, levou em consideração o valor da cesta básica mais cara do país no mês passado, que foi a de Porto Alegre.
Nesse caso, o piso salarial deveria ter sido de R$ 6.439,62 em dezembro, valor 4,88 vezes maior que o salário mínimo vigente no país. Em dezembro de 2022, o mínimo necessário deveria ter sido de R$ 6..647,63, valor 5,48 vezes superior ao piso que vigorava na época (R$ 1.212).
A pesquisa também mostrou que para um trabalhador atuante em Porto Alegre conseguisse adquirir produtos da cesta básica foi necessário um tempo médio laboral de 127 horas e 46 minutos em dezembro.
Embora a média nacional também tenha ficado bastante elevada no mês passado, não chegou ao mesmo patamar que o da capital gaúcha. Segundo o Dieese, o tempo a ser trabalhado no país para adquirir uma cesta básica em dezembro foi de 109 horas e 03 minutos, tempo superior ao de novembro (107 horas e 29 minutos).
Em resumo, o valor da cesta básica se refere ao conjunto de alimentos básicos, que são aqueles necessários para as refeições de uma pessoa adulta durante um mês. O cálculo do Dieese considera uma família composta por dois adultos e duas crianças.
Ainda vale destacar que o Dieese levou em consideração os descontos referentes à Previdência Social, de 7,5%. Dessa forma, conseguiu chegar a um valor bastante aproximado do necessário para as pessoas terem uma vida digna no país.
Confira os preços da cesta básica em cada local pesquisado
Embora a cesta de Porto Alegre tenha ficado mais cara em 2023, assumindo novamente a liderança nacional, consumidores de outros locais conseguiram pagar bem menos para adquirir alimentos básicos no país no ano passado.
Confira abaixo o valor da cesta em cada local pesquisado:
Unidade Federativa | Preço da Cesta Básica |
Porto Alegre | R$ 766,53 |
São Paulo | R$ 761,01 |
Florianópolis | R$ 758,50 |
Rio de Janeiro | R$ 738,61 |
Brasília | R$ 698,74 |
Campo Grande | R$ 697,69 |
Curitiba | R$ 697,22 |
Vitória | R$ 688,86 |
Goiânia | R$ 669,36 |
Belo Horizonte | R$ 656,29 |
Belém | R$ 645,44 |
Fortaleza | R$ 630,38 |
Salvador | R$ 560,81 |
Natal | R$ 556,06 |
João Pessoa | R$ 542,30 |
Recife | R$ 538,08 |
Aracaju | R$ 517,26 |
Aracaju teve a cesta mais barata do país em 2023
A primeira posição nacional, da cesta básica mais cara do país, foi disputada em 2023. Entretanto, na outra ponta da tabela, não houve mudanças em todo o ano passado.
Em suma, Aracaju teve a cesta básica mais barata do país em todos os meses de 2023. Na capital sergipana, o valor dos alimentos básicos comprometeu 39,2% do salário mínimo, taxa bem menor que a de Porto Alegre, mas ainda bastante elevada. Aliás, essa não foi a única diferença entre estes locais.
Quem estava morando em Aracaju em dezembro precisou trabalhar 86 horas e 13 minutos para adquirir uma cesta básica. A saber, em Porto Alegre, a pessoa precisou trabalhar 41 horas e 33 minutos a mais para comprar os mesmos produtos no mês, em relação a Aracaju.
Por fim, caso a cesta básica de Aracaju fosse a mais cara do país, sendo utilizada pelo Dieese para determinar o salário mínimo ideal, os brasileiros deveriam ter um piso de R$ 4.345,50, valor 32,5% menor que o mínimo ideal em comparação à cesta de Porto Alegre.