Cartão de crédito: maioria é contra fim do parcelamento sem juros

Cartão de crédito: maioria é contra fim do parcelamento sem juros

Nova pesquisa revela que maioria dos brasileiros é contra o fim do parcelamento sem juros. Veja o detalhamento dos dados

O que você acha do fim do parcelamento sem juros no cartão de crédito? Se você é contra, saiba que não está sozinho. Na verdade, uma nova pesquisa divulgada nesta quinta-feira (28) aponta que você está do lado da maioria da população. No geral, os brasileiros são contra esta medida.

A pesquisa em questão revela que a maioria da população brasileira avalia que o fim do parcelamento sem juros no cartão de crédito poderia gerar mais dívidas. Além disso, a maioria das pessoas que responderam o levantamento também disse que dependem desta forma de pagamento na hora de resolver emergências.

O levantamento foi feto pelo Instituto Locomotiva, e tentou mapear as consequências de um possível fim do parcelamento sem juros no cartão de crédito para os brasileiros.

Os números da pesquisa

A pesquisa do Instituto Locomotiva mostrou que 67% da população brasileira é contra o fim do parcelamento sem juros no cartão de crédito. Quando se considera apenas os indivíduos que declaradamente usam este tipo de pagamento, a rejeição sobe a 77%.

Os números seguem. Segundo a pesquisa, 78% dos entrevistados disseram que poderiam começar a comprar menos caso o parcelamento sem juros fosse extinto. Eles indicaram que poderiam deixar de comprar sobretudo os itens de maior custo, como estes dos exemplos abaixo:

  • eletrodomésticos;
  • eletroeletrônicos;
  • hospedagens;
  • educação;
  • cursos;
  • passagens aéreas.

“O problema está nos juros e não no parcelamento. Se for assim [parcelado só com juros], quem é mais rico vai pagar mais barato”, disse Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.

“O dinheiro é pouco e é importante entender a diferença de classe. As pessoas de baixa renda usam o cartão como uma extensão do salário, é uma forma de fazer o dinheiro chegar até o final do mês”, seguiu ele.

Cartão de crédito: maioria é contra fim do parcelamento sem juros
Pesquisa sugere que vendas podem cair com fim do parcelamento. Imagem: Rovena Rosa/Agência Brasil

Dívidas no cartão

Outro ponto importante da pesquisa é que 80% das pessoas ouvidas disseram que o fim do parcelamento sem juros poderia acabar fazendo com que elas acumulassem mais dívidas.

Quem defende o fim desta modalidade de compra, acredita justamente em uma condição contrária. Críticos afirmam que o fim do parcelamento sem juros teria o poder de reduzir a inadimplência no país neste momento.

Por fim, a pesquisa também detectou que o cartão de crédito é a principal escolha dos indivíduos nos casos de imprevistos ou mesmo de urgências.

Segundo os dados, algo em torno de 58 milhões de brasileiros teriam que usar o parcelamento do cartão de crédito para pagar neste momento uma despesa de emergência com valor superior a R$ 500.

O levantamento em questão ouviu mil pessoas maiores de 18 anos entre os dias 30 de agosto e 11 de setembro deste ano.

Roberto Campos Neto

Toda a polêmica em torno do tema foi iniciada ainda no último mês de agosto. Na ocasião, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, defendeu a possibilidade de o BC tentar diminuir a presença do parcelamento sem juros. Ele argumentou que esta medida poderia disciplinar a divisão em parcelas.

Nesta quinta-feira (28), a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal aprovou o Projeto de Lei que prevê uma limitação para os juros do rotativo do cartão de crédito. O texto dá um prazo de 90 dias para que os bancos definam um patamar de juros para o rotativo.

O texto aprovado ainda precisa passar pela votação do plenário do Senado Federal, e pela sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para começar a valer de fato. Mas é importante frisar que o documento não faz nenhuma referência a um possível cancelamento do parcelamento sem juros do cartão de crédito.

De todo modo, o fato é que o assunto deverá seguir sendo debatido nos próximos dias dentro do governo federal e do Banco Central (BC). E você? Qual a sua opinião sobre o tema?

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