Os juros do rotativo do cartão de crédito atingiram a maior taxa desde 2017, chegando a 455,1% ao ano. Com isso, governo e os bancos estão tentando chegar em um acordo para reduzir essa taxa, que se tornou a maior do mercado financeiro.
Sendo assim, o Banco Central vem participando das negociações, aproveitando o momento de lançamento do programa Desenrola Brasil, o qual permite que os consumidores renegociem suas dívidas com benefícios.
O governo também teve que negociar para que certos bancos participassem do Desenrola Brasil. No entanto, as instituições financeiras estão resistindo às negociações com intuito de baixar o juros do rotativo do cartão de crédito.
O crédito rotativo, para quem não conhece, é aquele acionado quando o consumidor não consegue pagar completamente a fatura do cartão de crédito na data de vencimento. No entanto, os juros dessa modalidade são muito altos, e geralmente fazem com que as pessoas se afundem em dívidas.
Nas negociações sobre a redução dos juros do crédito rotativo, uma das propostas do setor financeiro foi de acabar com a possibilidade de parcelamento sem juros. No entanto, o Ministério da Fazenda não aceitou essa proposta. Além disso, integrantes da pasta também recusaram a ideia de tabelamento dos juros.
Segundo Fernando Haddad, ministro da Fazenda, a redução dos juros do rotativo do cartão de crédito está entre as prioridades do Ministério. No entanto, na visão dos especialistas do mercado financeiro, esta é uma questão muito difícil de ser resolvida, e o governo está longe de chegar em um acordo com os bancos. Isso porque o mercado é muito complexo, contando com diferentes instituições envolvidas, como bancos, credenciadores e lojistas.
Uma outra solução que foi proposta durante as reuniões, com intuito de diminuir a inadimplência nos cartões de crédito, foi de ampliar o acesso à informação por parte da população, com relação aos riscos de entrar em uma modalidade de crédito com juros altíssimos. Essa medida pode ser feita através de campanhas informativas.
Segundo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), é de sua prioridade, e de seus bancos, reduzir o custo de crédito. Para isso, a federação julga necessário compreender e atacar as causas dos altos juros do rotativo do cartão de crédito. Além disso, a federação afirma que não se deve tomar práticas artificiais, as quais não levam em conta os custos do setor e as especificidades de cada produto.
“Nesse sentido, a entidade entende como oportuna a discussão técnica e profunda das causas que levam o cartão de crédito rotativo a ter os mais altos juros do sistema financeiro. Essa linha, que representa apenas 5% da carteira de cartões de crédito, possui forte subsídio cruzado e inadimplência que chega a 40%”, afirma a Febraban.
Além disso, o uso do cartão de crédito aumentou muito no Brasil. Apenas nos últimos quatro anos, o número de cartões ativos dobrou no país, indo de 98,9 milhões, no fim de 2018, para 208,7 milhões, no fim do ano passado, segundo o BC. Isso mostra que o total de cartões é 20% maior do que a população em idade ativa, que leva em conta os brasileiros com 14 anos ou mais.