O número de áreas do conhecimento dos programas de pós-graduação pode ser reduzido drasticamente pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
De acordo com a própria organização, atualmente cerca de 49 áreas de avaliação não estão em conformidade com o que se espera acerca do campo científico. Segundo a Capes, a ciência hoje em dia possui menos segmentações e por isso não cabe destinar recursos a tantas áreas assim.
O novo programa de pós-graduação deve reunir nove grandes áreas. Essa possibilidade está explicitada em um relatório da Comissão de Acompanhamento do Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG 2011-2020) elaborado em fevereiro de 2020.
Mais precisamente no dia 16 de junho, o presidente da Capes, Benedito Guimarães Aguiar Neto, assinou uma portaria que estabelece o início de uma comissão especial focada nessa atualização com o prazo de 45 dias.
O relatório em que a sugestão foi publicada diz o seguinte:“Em função da crescente interdisciplinaridade e da evolução do conhecimento, a atual organização em 49 áreas de avaliação não se ajusta à realidade atual da ciência, cada vez menos segmentada. Assim, sugerimos reduzir substantivamente o número de áreas de avaliação tendo como referência as nove grandes áreas do conhecimento”.
Especialistas em educação divergem
A portaria sobressai a necessidade de debate com especialistas com o intuito de analisar o conteúdo. Assim, o grupo qualificado poderá intervir caso haja alguma incongruência, contradição, ambiguidade, entre outras falhas no documento.
Apesar disso, segundo relatos divulgados no portal Congresso em Foco, o que ocorre é um processo importante, mas que está impondo pouca discussão e ainda sem a movimentação de quem realmente pode opinar com propriedade sobre o tema.
“A rapidez e falta de discussão é que o problema”, revelou uma professora de universidade federal que não se identificou. O debate, nesse caso, segundo os especialistas, deveria ser mais abrangente, aprofundado e demorado devido a sua complexidade.
Determinação em tempos de pandemia do novo coronavírus
Uma das principais críticas dos agentes envolvidos e que encontram ressalvas nas sugestões da Capes é acerca da discussão em plena pandemia.
A necessidade de distanciamento social faz com que os encontros presenciais não sejam realizados, dificultando a tomada de decisões conjuntas. Na portaria em si, inclusive, há um adendo sobre as reuniões, que precisarão ser feitas digitalmente diante do cenário atual.
“Neste período de pandemia, tem desenvolvido seus trabalhos regularmente e as reuniões dos seus conselhos, tanto o Técnico-Científico quanto o Superior, acontecem, virtualmente, nos períodos previstos”, explicita o anúncio da Capes.