O concurso público da Superintendência do Sistema Penitenciário (SUSIPE) para o cargo de Agente Prisional no Pará foi suspenso. O anúncio foi divulgado no Diário Oficial do Estado e no site da AOCP, organizadora do certame. O comunicado veio logo após a morte de um candidato na realização do Teste de Aptidão Física (TAF).
“A Secretaria de Estado de Administração (SEAD), representada pela sua Secretária de Estado e a Superintendência do Sistema Penitenciária do Pará (SUSIPE), representada pelo seu Superintendente, no uso de suas atribuições legais e: Considerando os fatos ocorridos durante a realização da Etapa do Teste de Aptidão Física – TAF resolve SUSPENDER, até ulterior deliberação, o Concurso Público C- 199, para provimento de cargos de Agente Prisional da Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará, aberto pelo Edital n° 001/2017″, diz o texto da suspensão. O documento foi assinado por Ruth Pina, Secretária de Estado de Administração, em exercício.
O Teste de Aptidão Física (TAF) para agente prisional é composto de teste de barra fixa (mínimo 3 e máximo de 5 repetições para candidatos do sexo masculino), teste de salto em distância (apenas uma impulsão) e corrida de 2.1 quilômetros, todos na sequência e com intervalos para descanso.
A família de Ismael Lauane Sousa, que morreu após a realização do teste físico, relata negligência na prestação de socorro do candidato. O irmão da vítima, Israel Lauane, informou ao Diário Online que Ismael estava em perfeito estado de saúde e fez todos os exames necessários.
“O meu irmão já tinha há muito tempo se preparando para essa prova. Ele estava treinando, só que houve muitas irregularidades na realização do TAF. Vi no cartão do meu irmão que a prova dele estava marcada para 11h e só foi ocorrer de fato às 15h, ele e outros candidatos não puderam sair para beber água ou se alimentar, houve um atraso muito grande”, disse o irmão da vítima ao site Diário Online.
Ismael foi levado por uma ambulância, ainda com vida, para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Castanhal. No entanto, irmão da vítima disse que a família só teve conhecimento do ocorrido por outros candidatos. “A banca em nenhum momento entrou em contato conosco. A gente só soube do que havia ocorrido por terceiros, quase 17h da tarde. Só havia uma ambulância de UTI e não foi só o meu irmão que passou mal. Além das irregularidades na realização do exame reclamadas por outros candidatos, teve essa conduta. Não sabemos se de fato o meu irmão recebeu o socorro necessário”, disse Israel.
De acordo com relatos dos familiares, por falta de estrutura adequada, foi solicitado que Ismael fosse transferido para o Pronto Socorro da 14 de Março, outro problema enfrentado. “Vimos toda aquela situação e pedimos transferência dele para um hospital de maior suporte, mas disseram que a ambulância ia demorar muito. No desespero, socorri meu irmão no meu carro mesmo, já que fomos informados de que a ambulância iria demorar. Lá ele foi para a UTI e entubado. Acreditamos que tudo foi provocado pelo exercício exaustivo, agravado por fatores como insolação, por ter ficado muito tempo sem beber água e se alimentar. Os médicos tentaram reverter o quadro ele, mas ele faleceu por volta das 19h de terça-feira”, lamentou o irmão de Ismael.
Ainda segundo Israel, o sonho do irmão foi interrompido por negligência da organizadora do concurso, a AOCP Concursos Públicos. “A banca em nenhum momento se responsabilizou pela vida do meu irmão, não deu um suporte adequado, não entrou em contato com a família dele. A Sead nos procurou no dia do enterro para saber o que havia ocorrido e que iria tomar algumas providência administrativas. Foi uma perda inesperada, os exames dele estavam todos normais. Foram tantas irregularidades já denunciadas na realização desse Teste de Aptidão Física. Existe um culpado que tem que ser responsabilizado”, disse Israel.
Ismael tinha formação em Física e Engenharia Florestal e, segundo o irmão, já havia passado no Concurso da Polícia Militar de Macapá e estava aguardando ser convocado. “Ele fez esse concurso da Susipe e depois iria fazer um concurso federal. Os sonhos dele acabaram”, lamentou Israel.
Em nome do Governo do Estado, a SEAD informou que solidariza-se com a família do candidato e reafirma seu compromisso com a lisura e transparência do certame, que ficará suspenso até a apuração dos fatos. Em nota, a SEAD informou que está apurando junto à AOCP, empresa que ganhou a concorrência pública para realização do certame, os fatos que levaram a óbito o candidato do Concurso Público C199 da Superintendência do Sistema Penal (Susipe), Ismael Lauane Sousa.
A Sead informa ainda que durante o TAF ocorrido na segunda-feira, 22 de outubro, em Castanhal, os candidatos foram acompanhados por equipe médica e uma UTI Móvel esteve disponível durante todo o período de realização das provas. Importante ressaltar, que o candidato apresentou um laudo fornecido por médico particular, de sua exclusiva responsabilidade, onde encontrava-se apto a realização dos testes. Os candidatos poderiam levar água e comida para hidratação e alimentação e foram disponibilizados bebedouros para reposição de água.