A greve dos caminhoneiros está próxima de sair do papel? Talvez nem mesmo os caminhoneiros tenham uma resposta única para esta pergunta. Desde que a Petrobras anunciou mais um aumento nos valores do diesel, os trabalhadores da categoria aumentaram o tom para reclamar da situação, mas a convocação de uma paralisação divide as opiniões.
Na última segunda-feira (20), um dos líderes mais conhecidos da área falou sobre o assunto. Zé Trovão, que é investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por participar de supostas manifestações contra a Suprema Corte, disse que os caminhoneiros precisam participar de uma nova greve nacional no próximo dia 27 deste mês.
No entanto, Zé Trovão afirma que a paralisação não teria relação com o presidente Jair Bolsonaro (PL). Em vídeo publicado nas redes sociais, ele diz que toda a culpa pelo aumento dos combustíveis seria da Petrobras. Ele exige que a estatal abaixe os preços do diesel em 25% e do etanol e da gasolina em 15%. Caso contrário, ele afirma que a categoria vai parar.
Esta não é a opinião de outros líderes dos caminhoneiros. Em entrevista depois do anúncio da Petrobras, o presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotivos (Abrava), Wallace Landim, mais conhecido como Chorão, disse que a greve é uma saída possível, mas ele acredita que Bolsonaro também tem culpa em toda a situação.
“Quando eu falo em ir para cima da Petrobras, é ir para cima do Governo Federal também. Porque quem nomeia o presidente da estatal é o presidente. Foi o senhor Jair Messias Bolsonaro que fez uma proposta, um compromisso para nós, de mudar esse preço de paridade de importação em 2018. Por isso que acreditamos no senhor”, disse ele.
No início da semana, o presidente Jair Bolsonaro fez uma sinalização aos caminhoneiros. Membros do Palácio do Planalto afirmam que trabalham com a possibilidade de liberar um voucher mensal para os trabalhadores desta categoria.
Os valores ainda não estão fechados. De todo modo, é provável que o Ministério da Economia tenha a intenção de liberar R$ 400 por mês até o final do ano. Poderiam receber os caminhoneiros autônomos com as menores rendas.
A sinalização não agradou parte dos trabalhadores da área. Em entrevista, o líder Chorão disse que esta não seria a melhor maneira de resolver a situação. De acordo com ele, o voucher de R$ 400 mensais sinalizado pelo Governo Federal seria nada mais do que uma “esmola”.
O presidente Jair Bolsonaro já enfrentou outras greves de caminhoneiros durante os últimos anos de seu governo. No entanto, a maioria das movimentações aconteceram apenas de maneira pontual, e não atrapalharam o andamento da economia do país.
Desta vez, o Governo monitora a situação na tentativa de fazer com que as greves não aconteçam. E caso elas se formem, que ao menos não tenham o apoio de todos os trabalhadores. A avaliação dentro do Planalto é de que vários dos motoristas são apoiadores de Bolsonaro e não estão dispostos a entrar na greve.
A última vez que uma grande paralisação dos caminhoneiros aconteceu no Brasil foi no ano de 2018. Na ocasião, o país era presidido por Michel Temer (MDB). Os trabalhadores pararam as atividades também por causa da situação do preço do diesel.