O dólar subiu pela terceira sessão consecutiva, refletindo as preocupações vindas do exterior. Nesta segunda-feira (14), o mercado de câmbio evidenciou novamente o temor de investidores em relação à desaceleração econômica das maiores nações do planeta.
Em resumo, o dólar fechou o pregão de hoje em alta de 0,43%, cotado a R$ 4,9868. Esse é o maior nível desde o pregão de 1º de junho, quando a divisa cravou os R$ 5,00, ou seja, em dois meses e meio.
Com o acréscimo desse resultado, o dólar passou a acumular ganhos de 5,45% em agosto. No entanto, a moeda ainda registra uma queda de 5,52% em 2023, ou seja, a queda da divisa nos primeiros meses foi tão forte que nem mesmo o avanço em agosto conseguiu eliminar toda a queda do ano, que chegou a 12%.
Preocupações com o exterior
Nos últimos pregões, o que ditou o mercado de câmbio foi o exterior. Os analistas seguem atentos aos dados vindos dos Estados Unidos e da China, as duas maiores economias do mundo. O problema é que as notícias não são tão animadoras quanto o esperado.
O temor de uma recessão nestas duas economias apavora o mundo. Em suma, caso a atividade econômica dos EUA e da China encolha, todo o planeta sofrerá as consequências, pois estes dois países têm o poder de impulsionar ou derrubar a economia global.
No caso da China, os dados até estão mostrando crescimento em 2023, mas em um ritmo muito mais lente que o desejado. O fim da política de “covid zero”, que limitava a economia chinesa, não surtiu os efeitos esperados, e o país asiático não está registrando dados expressivos.
Aliás, essa era a expectativa de boa parte do mercado, que torcia para que a China fosse o remédio para a desaceleração econômica dos EUA, mas isso não está acontecendo. Ambos os países estão enfrentando desafios para crescerem, e isso preocupa todo o mundo.
Cabe salientar que Pequim anunciou um corte dos juros, mas isso não agradou o mercado. Em síntese, a redução dos juros objetiva impulsionar a economia local, aumentando o poder de compra do consumidor.
Em meio a isso, a decisão de Pequim acabou sendo vista como um sinal de preocupação, uma vez que a adoção de mais estímulos pode sugerir uma desaceleração ainda mais forte que o esperado.
Redução dos juros no Brasil
Ao considerar apenas o mercado doméstico, o dólar até poderia ter caído nas últimas sessões. Isso porque, no início de agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu cortar os juros em 0,50 ponto percentual (p.p.).
Com isso, a taxa Selic caiu de 13,75% para 13,25% ao ano, surpreendendo o mercado, cujo consenso geral dos analistas indicava queda de 0,25 p.p. A propósito, o corte de juros é muito positivo para a renda variável, como o mercado de câmbio e o acionário, pois tira atratividade da renda fixa. Entretanto, as preocupações vindas do exterior não estão permitindo taxas positivas nos últimos dias.
O Copom já afirmou que as próximas reuniões deverão trazer mais reduções de 0,50 p.p. Inclusive, há até mesmo a expectativa de uma redução mais firme, de 0,75 p.p., o que é muito positivo para a renda variável. Contudo, nada disso parece estar sendo suficiente para derrubar o dólar em agosto.
Bolsa Brasileira cai pela 11ª sessão consecutiva
O mês de agosto de 2023 já está marcado na história da Bolsa de Valores Brasileira. Em 11pregões, o Ibovespa, indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3, a Bolsa Brasileira, caiu em todos eles.
Essa é a maior série de quedas em toda a história do Ibovespa. A única vez que houve uma sequência tão negativa assim, com 11 quedas consecutivas, foi em fevereiro de 1984, ou seja, em quase 40 anos.
Na sessão de hoje, o Ibovespa fechou o dia em queda de 0,55%, a 116.171 pontos. Cabe salientar que, apesar de acumular 11 quedas consecutivas, o indicador registra uma perda de “apenas” 4,73% no mês. A variação é considerada pequena para tantos recuos assim. Aliás, no acumulado de 2023, o Ibovespa ainda conserva ganho de 5,57%, número que já chegou a superar 12%.
No pregão de hoje, 61 das 85 ações listadas no Ibovespa caíram, evidenciando a disseminação das quedas na sessão. A saber, os maiores recuos foram registrados pelas companhias aéreas Gol (-12,50%) e Azul (-6,60%). A carteira teórica movimentou R$ 21 bilhões no dia.