O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu pela quinta vez consecutiva a taxa básica de juros da economia brasileira. Nesta quarta-feira (31), o comitê anunciou uma redução de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, que passou de 11,75% para 11,25% ao ano.
Esse é o menor patamar desde o início de março de 2022, quando a Selic estava em 10,75%, ou seja, em quase dois anos. Aliás, a decisão veio em linha com as estimativas do mercado, que esperava por uma redução de meio ponto percentual.
Em resumo, a decisão foi unânime, com todos os diretores do Copom votando a favor da redução de 0,50 ponto percentual. Esse cenário foi observado nas três reuniões anteriores, quando todos votaram a favor da redução dos juros.
Entretanto, quando o Copom iniciou os cortes, em agosto de 2023, quatro diretores votaram a favor de uma redução de 0,25 p.p. De modo diferente, outros quatro diretores se mostraram favoráveis a um corte de 0,50 p.p.
Nesse caso, coube ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, dar o voto de desempate e decidir o tamanho do corte. Para surpresa do mercado, Campos Neto escolheu a redução de meio ponto percentual, acima do consenso dos analistas, de queda de 0,25 p.p. dos juros.
Entenda a composição do Copom e a função da Selic
O Copom é formado pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e por oito diretores do BC. A saber, o comitê se reúne a cada 45 dias para definir os novos rumos da política monetária do Brasil, que afeta todo o país, bem como a população.
Por sua vez, a Selic é o principal instrumento do BC para conter a alta dos preços de bens e serviços. Quanto mais alta ela estiver, mais altos ficarão os juros no país. Assim, o crédito fica mais caro, reduzindo o poder de compra do consumidor e desaquecendo a economia.
Como a inflação perdeu força em 2022, o Copom decidiu interromper a sequência de altas realizada entre 2021 e 2022. Nesse período, o comitê elevou 12 vezes consecutivas a taxa de juros no Brasil. Em seguida, manteve a taxa Selic estável por quase um ano, até agosto deste ano, quando promoveu o primeiro corte da taxa Selic em três anos.
Como a redução dos juros impacta a população?
A variação da taxa de juros impacta diretamente a população brasileira. Contudo, nem todos conseguem entender, na prática, o que significa essa redução de 0,50 ponto percentual dos juros.
Para entender, veja abaixo alguns exemplos de compras realizadas pelas famílias do país.
- Compra de produtos: com a nova taxa Selic, uma pessoa que comprar uma geladeira de R$ 1.500 e dividir o valor em 12 prestações terá uma redução de R$ 4,62 no valor final do eletrodoméstico;
- Cheque especial: um cliente que entrar no cheque especial em R$ 1.000 por 20 dias vai pagar R$ 0,27 a menos na operação;
- Rotativo do cartão de crédito: uma pessoa que utilizar R$ 3.000 do rotativo do cartão de crédito por 30 dias irá pagar R$ 1,20 a menos;
- Empréstimo pessoal: alguém que contratar um empréstimo pessoal de R$ 3.000 por 12 meses vai ter uma redução de R$ 9,66 ao final do pagamento do crédito;
- Financiamento de automóvel: uma pessoa que financiar um automóvel de R$ 45 mil por 60 meses vai pagar R$ 12,51 a menos por parcela com a nova taxa Selic. No final do pagamento de todas as parcelas, o consumidor pagará R$ 750,42 a menos.
Juros também afetam caderneta de poupança
A Anefac também revelou dados sobre o impacto que a nova taxa Selic de 11,25% ao ano vai exercer na caderneta de poupança. Em primeiro lugar, vale ressaltar que, quanto mais altos os juros estiverem, mais vantajosa fica a renda fixa no Brasil, e a poupança faz parte desse grupo de ativos.
Com a redução da taxa Selic, a caderneta passa a ter um rendimento mais fraco. Em suma, a poupança só vai render mais que os fundos de investimento se houver a combinação de dois fatores: prazo curto da aplicação e elevada taxa de administração cobrada pelos fundos.
Veja quando a poupança rende mais que os fundos de investimentos:
- Aplicação de até dois anos em relação a fundos com taxa de 3% ao ano;
- Aplicação de seis meses em relação a fundos com taxa de 2,5% ao ano
A Anefac informou que a poupança terá o mesmo rendimento dos fundos quando o dinheiro ficar aplicado entre seis meses e um ano e a taxa de administração for de 2,5% ao ano. Aliás, a entidade ressaltou que, mesmo com a isenção de tributos, o rendimento da poupança é baixo e não se mostra vantajoso para a população, no geral.