Depois do aumento de fraudes e crimes com o PIX, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) enviou ao Banco Central uma série de propostas a fim de aumentar a segurança no sistema. A autoridade monetária já adotou novas regras, como por exemplo a limitação a R$ 1 mil para transferências no período noturno. Todavia, a FecomercioSP acredita que tais medidas ainda são insuficientes.
De acordo com a federação, os criminosos estão utilizando contas laranja e/ou contas de aluguel/passagem para cometer os atos ilícitos via PIX. Assim eles direcionam rapidamente os recursos extraídos, desta forma não é possível realizar o rastreamento dos valores transferidos.
Aumento de fraudes
Desde seu lançamento a um ano atrás o novo sistema de transferência já movimentou mais de R$ 1,5 trilhão, se mostrando uma ferramenta de muita utilidade nas mãos dos brasileiros. Todavia, de acordo com a especialista em Banking e professora de Relações Econômicas Internacionais e Mercado Financeiro da universidade Mackenzie, Thaís Cíntia Cárnio, as fraudes usando o sistema estão se tornando cada vez mais aparentes.
“O PIX ajudou na inclusão, na democratização e, no momento em que a pessoa se sente integrada ao sistema bancário, tem a oportunidade de acessar crédito com mais facilidade, é um exercício de cidadania. As pessoas estavam à margem de tudo isso por não entenderem como funcionava ou não poderem pagar tarifas altíssimas. Elas se sentem muito mais inseridas no mercado financeiro”, informa a professora.
De acordo com a professora, “a política de ‘conheça seus clientes’ das instituições financeiras está falhando. Elas têm uma tecnologia avançada, lucram muito anualmente, e essa questão de investimento em proteção deve ser uma pedra de toque cada vez mais forte, não algo só no papel”.
Além disso, ela informa que, “os bancos têm sistemas que permitem verificar se o que está transitando na conta do cliente faz sentido ou não de acordo com a sua capacidade financeira. Uma pessoa que transita R$ 3 mil por mês, de repente passa R$ 30 mil, precisa ser verificada pela instituição financeira”. Thaís diz que ainda falta um pouco de vontade da parte dos bancos, caso houvesse, os mesmos conseguiriam aplicar novos mecanismos de segurança.
Propostas para segurança do PIX
Na intenção de diminuir o número de fraudes, uma das propostas feita pela Fecomércio é de restringir transferências imediatas para contas que tenham sido criadas há menos de três meses, considerando que muitas delas são feitas apenas para realização deste tipo de fraude.
A federação também sugere combinar essa regra com a adoção de medidas para verificar a identidade dos recebedores. A ideia é que, nas três primeiras operações, o usuário realize uma dupla checagem, para isso é preciso confirmar, por exemplo, os dados via celular e e-mail ou inserindo um código de segurança, isso irá permitir a rastreabilidade das informações.
O assessor econômico da FecomercioSP, Fábio Pina, reconhece que as medidas não vão acabar com o problema, mas tendem a dificultar ações criminosas. Essas medidas também podem facilitar a identificação de transações suspeitas, como quando uma conta fica parada por meses e, na sequência, começa a receber várias transferências por PIX.
“O PIX é uma excelente ferramenta. É bom para o consumidor e para o empresário. Mas as operações entre pessoas físicas têm gerado insegurança. Então estamos propondo criar mais critérios de segurança” informou Pina.
“Naturalmente, tem um custo de transação para o cliente, que pode ter que ficar esperando mais para receber um PIX ou ter que ir a um caixa fazer a biometria, mas a solução tem que ser simples, maximizar o benefício e minimizar o risco”, explicou o assessor.