No mês em que o Plano Real completa 30 anos, o Banco Central (BC) anunciou que vai iniciar a retirada gradativa da primeira família de notas da moeda. A informação foi confirmada pela instituição nessa quarta-feira (10) e está inscrita em uma instrução normativa publicada na edição de hoje do Diário Oficial da União (DOU).
A instrução é simples: a partir de agora, quando a instituição financeira receber uma nota mais antiga, deverá encaminhar o material para a instituição. Logo depois, o BC dará o devido fim.
Quais notas do Real sairão de circulação?
Ainda de acordo com as informações do Banco Central (BC), deverão sair de circulação a primeira geração das notas de 2, 5, 10, 20, 50 e 100 reais. A primeira família de cédulas do Plano Real foi produzida entre 1994 e 2010, quando entraram em circulação a segunda família de notas.
Vale frisar que as notas de 1 real da primeira família já estão quase todas fora de circulação, já que a produção foi encerrada ainda em 2005.
Com a medida anunciada nesta quarta-feira (10), o BC deverá tirar de circulação a rara nota de plástico de 10 reais que foi produzida em 2000 para comemorar os 500 anos da chegada dos portugueses ao Brasil. Esta cédula conta com a indicação de Pedro Álvares Cabral no lugar da efígie da República.
A nota é muito conhecida entre colecionadores justamente porque conta com um design completamente diferente das demais cédulas de 10 reais.
É importante lembrar que as notas da primeira família do Plano Real seguirão valendo normalmente. Entretanto, com a indicação do Banco Central é natural que essas peças saiam de circulação de maneira gradativa.
O Plano Real
O Plano Real foi um programa econômico iniciado em 27 de fevereiro de 1994, implementado ainda no governo do ex-presidente Itamar Franco. Entre outros pontos, o plano incluía a criação de uma nova moeda para o Brasil: o real.
Segundo economistas, o Plano Real foi a mais ampla medida econômica da história do Brasil. O principal objetivo do projeto era a controle da hiperinflação que assolava o país já há algumas décadas. Vários economistas colaboraram com o projeto, incluindo o então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, que viraria presidente em seguida.
Hoje, economistas concordam que o Plano Real cumpriu o seu objetivo e controlou a inflação do país, além de aumentar o poder de compra da população. Do ponto de vista da numismática, o Plano rendeu uma série de moedas raras, que seguem em circulação até hoje.
A evolução da história
Mesmo na época do Brasil Império, já existia uma preocupação com o material usado nas moedas que seriam usadas no comércio. De acordo com um relatório histórico do Banco Central, com o passar dos anos, os imperadores começaram a alterar o material usado na fabricação destas peças.
“Com a generalização do uso de cédulas, a cunhagem de moedas direcionou-se para a produção de valores destinados ao troco. O cobre foi sendo substituído por ligas modernas, mais duráveis, de modo a suportar a circulação do dinheiro de mão em mão. A partir de 1868, foram introduzidas moedas de bronze e, a partir de 1870, moedas de cuproníquel”, diz o Banco Central
“Após a Proclamação da República, em 1889, foi mantido o padrão Réis. As moedas de ouro e prata receberam gravação da alegoria da República no lugar da imagem do imperador. A utilização do ouro, na cunhagem de moedas de circulação, foi interrompida em 1922,
devido ao alto custo do metal”, completa o BC.
“Uma moeda emitida há duas décadas pode valer mais do que uma do Império ou da Colônia. O que dita o preço de uma peça não é a idade e, sim, a quantidade de moedas feitas naquele ano específico e o estado de conservação”, disse Bruno Pellizzari, vice-presidente da Sociedade Numismática Brasileira.