Conforme informações do Banco Central do Brasil, o repasse de preços de um bem final, da porta da fábrica para o consumidor impacta na recuperação econômica e na elevação da inflação.
O BC ressalta que interessa também entender como se dão os repasses nos elos anteriores da cadeia, em especial considerando que houve no período recente marcante elevação nos preços de commodities e outros insumos industriais.
Conforme o último Relatório de Inflação divulgado pelo BC, o exercício consiste na construção de proxies de custos com insumos na indústria de transformação, que são comparadas com os preços dos produtos industriais.
Os custos com aquisição de insumos continuam em alta expressiva desde dezembro de 2020, último valor disponível no estudo original, informa o relatório do Banco Central.
Os preços dos produtos industriais subiram de forma concomitante e em igual intensidade. É comum que o movimento das séries seja coincidente no tempo ou tenha defasagem curta, mas em geral os preços têm variações com amplitudes menores que as dos custos.
Sendo assim, nesse sentido, pode?se argumentar que o repasse dos custos dos insumos para os preços pagos ao produtor industrial continuou se revelando mais forte que o usual.
O BC ressalta que a intensidade maior que a habitual do repasse de custos com insumos para os preços se tornou ainda mais disseminada entre as atividades. Considerando variações interanuais, em agosto de 2021, 58% das atividades tiveram variação de preços que excedeu o valor esperado, dada a variação de custos, em desvios?padrão. Considerando variações trimestrais, o percentual foi de 50% no mesmo mês.
O Relatório de Inflação do Banco Central avaliou o tempo de repasse e concluiu que é tipicamente rápido. A conclusão do estudo foi a de que, “salvo novas altas nos preços de commodities e na taxa de câmbio, a pressão dos custos de insumos sobre os preços ao produtor de bens industriais tende a arrefecer nos próximos trimestres”.
Entre dezembro e agosto houve aumento de 33,7% do Índice de Commodities – Brasil (IC-Br) (33,1% em dólares), o que contribuiu para que a pressão sobre os preços se mantivesse presente, ressalta o documento oficial do Banco Central do Brasil.
O relatório ressalta que comparação foi feita relativizando as diferenças pelas respectivas escalas das séries. Em termos absolutos, discrepâncias maiores na ponta são observadas em alimentos e preços administrados.
Além disso, a elasticidade de repasse é inferior a 1, entre outros motivos, porque o custo do produto adquirido do produtor é uma fração do preço do produto final.