Esta quarta-feira (20) pode se tornar um dia histórico para a economia brasileira. O Comitê de Política Monetária (Copom) vai se reunir para decidir o que fazer com a taxa de juros Selic. Atualmente, esta taxa está na casa dos 13,25% ao ano. Na última reunião, a maioria dos diretores decidiu aplicar uma redução de 0,50 ponto.
Um possível novo corte na taxa Selic de 0,50 ponto, poderia ser considerado histórico. Isso significaria que a taxa chegaria a marca de 12,75% ao ano, ou seja, a menor taxa de juros em 16 meses. A última vez que a Selic estava neste patamar foi em maio de 2022.
A expectativa de boa parte do mercado financeiro é de que a taxa Selic passe por uma nova queda de 0,50 ponto nesta quarta-feira (20). Esta, aliás, foi a sinalização do próprio Banco Central no seu comunicado mais recente. Uma decisão, no entanto, só deve ser divulgada por volta das 18h30.
Ainda de acordo com agências financeiras, há uma aposta de que o ritmo da queda da taxa de juros se torne maior com o passar dos próximos meses. Já está no radar a possibilidade de um corte de 0,75 ponto a partir de outubro. É este o movimento que o governo federal está buscando. O Ministério da Fazenda usa os dados mais recentes de queda da inflação para pedir cortes maiores.
A boa expectativa do mercado em relação aos cortes da taxa Selic se baseiam nos bons números da economia. Em agosto, por exemplo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou bem abaixo do esperado, o que indica que não houve um repique na inflação, assim como o mercado financeiro estava esperando.
Depois desta divulgação, o Itaú Unibanco, por exemplo, que antes projetava três cortes de 0,50 ponto até o final do ano, agora passa a apostar em uma redução de 0,75 ponto ao menos em dezembro de 2023.
Além da reunião desta quarta-feira (20), serão tomadas ainda outras duas decisões até o final do ano. O Copom tem reuniões marcadas para os dias 1º de novembro e também para o dia 13 de dezembro, a última de 2023.
Uma nova redução da taxa Selic tem efeito prolongado na vida de milhões de brasileiros, sobretudo aqueles que costumam usar carteiras de crédito. De imediato, uma redução da taxa pelo Banco Central, pode impactar diretamente os segurados que fazem parte do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Ao menos foi isso o que disse o Ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT) em entrevista nesta terça-feira (19). Entre outros pontos, ele disse que uma nova redução na taxa Selic pode fazer com que o Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) reduza mais uma vez a taxa máxima de juros para o consignado do INSS.
Hoje, este teto está na casa de 1,91% ao mês, e já tinha sido reduzido logo depois da última reunião do Copom, que reduziu a taxa Selic de 13,75% para 13,25% ao ano. Para Lupi, quanto mais a Selic baixar, mais será possível reduzir o teto de juros para o consignado do INSS.
Para o ministro, será possível chegar ao final deste ano com uma taxa de juros máxima para o empréstimo de 1,7% ao mês. “Eu acho que vou chegar lá. Sou brasileiro, não desisto nunca”, disse. “Seguindo nessa sequência de baixar taxa de juros, baixar lá, baixa aqui (no consignado). Cai lá, cai aqui”, disse o ministro.
Desde o início do ano, Carlos Lupi persegue a marca de 1,70% ao mês como teto da taxa de juros para o consignado. Ele até chegou a aplicar esta regra de maneira oficial, mas os bancos não gostaram da ideia e o ministro teve que voltar atrás.