O Banco Central (BC) divulgou na terça-feira (9) a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que manteve a taxa básica de juro da economia brasileira em 13,75% ao ano.
De acordo com o documento, a condução da política monetária pede “paciência e serenidade”. Aliás, o Copom reforçou que existe uma possibilidade de aumento da taxa Selic ainda em 2023. Contudo, o documento também informou que elevar os juros é “um cenário menos provável” de acontecer.
Cabe salientar que política monetária se refere às ações de autoridades monetárias, como o BC, sobre a quantidade de moeda em circulação no país, bem como sobre crédito e as taxas de juros. Tudo isso para controlar a liquidez global do sistema econômico brasileiro.
No documento, o Copom ressaltou que a aprovação do arcabouço fiscal pode ajudar no equilíbrio das contas públicas. Em resumo, essa nova regra fiscal, que deverá ficar no lugar do teto de gastos, tem o objetivo de auxiliar na estabilização da dívida pública no Brasil. E isso impacta diretamente nas expectativas de inflação.
“A materialização de um cenário com um arcabouço fiscal sólido e crível pode levar a um processo desinflacionário mais benigno através de seu efeito no canal de expectativas, ao reduzir as expectativas de inflação, a incerteza na economia, o prêmio de risco associado aos ativos domésticos e, consequentemente, as projeções do comitê”, informa o documento.
“O comportamento das expectativas é um aspecto fundamental do processo inflacionário, uma vez que serve de guia para a definição de reajustes de preços e salários presentes e futuros. Assim, com a elevação de expectativas, há uma maior elevação de preços no período corrente e o processo inflacionário é alimentado por essas expectativas“, explicou o BC.
Inflação segue elevada no país
No documento, o Copom explicou que não hesitará em aumentar os juros para controlar a inflação no Brasil. Em síntese, a taxa Selic é o principal instrumento do BC para controlar a taxa inflacionária no país.
“O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. O Copom enfatiza que, apesar de ser um cenário menos provável, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado“, diz a ata.
Quando a inflação no Brasil fica mais elevada do que deveria, a entidade financeira age para controlá-la, aumentando os juros no país. Assim, encarece o crédito e reduz o poder de compra dos brasileiros, diminuindo a demanda e provocando um desaquecimento na atividade econômica do país.
Aliás, é sobre isso que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem realizando diversas críticas nos últimos meses. Em síntese, o petista já declarou diversas vezes que a taxa de juros no Brasil precisa cair urgentemente para que a economia cresça.
Com a aprovação do arcabouço fiscal, a taxa Selic pode perder força no país. Contudo, até que isso aconteça, o presidente Lula terá que esperar, uma vez que o BC vem se mostrando firme em sua decisão de manter os juros em patamar elevado.
A propósito, o texto do arcabouço fiscal está em tramitação no Congresso Nacional. Apenas após a apreciação do projeto e a sua consequente aprovação que o BC poderá se sentir mais seguro para reduzir a taxa Selic.
Juros estão no maior nível desde 2016
A decisão do BC em manter a taxa Selic em 13,75% ao ano veio em linha com as expectativas dos analistas do mercado financeiro. Havia alguns deles que acreditavam na redução dos juros, uma vez que o presidente Lula vem realizando críticas contundentes nos últimos meses. Entretanto, isso não aconteceu.
Em suma, o BC elevou 12 vezes consecutivas a taxa Selic, entre março de 2021 e agosto de 2022. Essa foi a maior sequência de elevações da taxa Selic em 23 anos. No entanto, os avanços cessaram em setembro do ano passado, quando a entidade financeira optou pela manutenção dos juros.
Vale destacar que o presidente Lula criticou algumas vezes a meta central para a inflação no Brasil em 2023. Segundo o presidente, a meta pressiona o BC a elevar os juros para, assim, cumpri-la, e tudo isso limita o crescimento econômico.
Por falar nisso, o Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para inflação do país todos os anos. E cabe ao BC agir para cumprir essa meta, uma vez que a inflação controlada traz diversos benefícios para o Brasil, como:
- Maior tranquilidade para investir no Brasil;
- Mais previsibilidade econômica, permitindo um planejamento das indústrias;
- Redução da concentração de renda;
- Maiores chances para o país ter um crescimento econômico sustentável.
A expectativa é que a taxa Selic siga em 13,75% por mais algum tempo. Em resumo, os analistas projetam uma redução nos juros apenas no segundo semestre, ou seja, os brasileiros terão que continuar convivendo com os juros elevados no país.