O Banco Central do Brasil (BCB) divulgou carta aberta enviada pelo presidente da instituição, Roberto Campos Neto, ao presidente do Conselho Monetário Nacional (CMN), ministro Paulo Guedes, em cumprimento do estabelecido no Decreto nº 3.088, de 21 de junho de 1999, que instituiu o regime de metas para a inflação no Brasil.
Conforme informações oficiais do Banco Central do Brasil (BCB), a instituição divulgou uma carta aberta explicando a inflação acima do limite superior do intervalo de tolerância da meta em 2021. Confira alguns trechos destacáveis:
A sistemática de “metas para a inflação” foi instituída como diretriz para fixação do regime de política monetária por meio do Decreto 3.088, de 21 de junho de 1999.
O parágrafo único do artigo 4º do referido decreto estabelece que, caso a inflação fique fora do intervalo de tolerância da meta em determinado ano-calendário, “o Presidente do Banco Central do Brasil divulgará publicamente as razões do descumprimento, por meio de carta aberta ao Ministro de Estado da Fazenda, que deverá conter:
I – descrição detalhada das causas do descumprimento;
II – providências para assegurar o retorno da inflação aos limites estabelecidos; e
III – o prazo no qual se espera que as providências produzam efeito.”
iii. desequilíbrios entre demanda e oferta de insumos, e gargalos nas cadeias produtivas globais.
As pressões sobre os preços de commodities e nas cadeias produtivas globais refletem as mudanças no padrão de consumo causadas pela pandemia, com parcela proporcionalmente maior da demanda direcionada para bens e impulsionada por políticas expansionistas.
Esses desenvolvimentos, que ocorreram em nível global, geraram excesso de demanda em relação à oferta de curto prazo de diversos bens, causando um desequilíbrio que, em diversos países e setores, foi exacerbado por falta de mão-de-obra, problemas logísticos e gargalos de produção.
De fato, a aceleração significativa da inflação em 2021 para níveis superiores às metas foi um fenômeno global, atingindo a maioria dos países avançados e emergentes.
Os preços de gasolina, gás de bujão e energia elétrica residencial subiram 47,49%, 36,99% e 21,21% (contribuições de 2,33 p.p., 0,41 p.p. e 0,98 p.p.), respectivamente. O preço do etanol subiu 62,24%, acima dos demais combustíveis, refletindo também a quebra na safra de cana-de-açúcar.
Os preços de bens industriais e de alimentação no domicílio subiram 12,00% e 8,23% (contribuições de 2,75 p.p. e 1,25 p.p.), respectivamente, bastante afetados pelos preços de commodities e gargalos nas cadeias produtivas globais. Os preços de serviços aumentaram 4,75% (contribuição de 1,72 p.p.).
É possível consultar a Carta Aberta do Banco Central do Brasil (BCB) de forma integral na plataforma oficial da instituição. Os trechos reproduzidos da carta não sofreram alterações, sendo trechos do documento oficial do Banco Central do Brasil (BCB).